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Na África do Sul, comoção sobre os túmulos para os mortos da COVID-19

09/07/2020 11h02

Pretoria, 9 Jul 2020 (AFP) - O número é sombrio. Num momento em que a pandemia de coronavírus progride rapidamente, as autoridades da província mais populosa da África do Sul chocaram o país ao sugerir que estavam prontas para enterrar mais de um milhão de vítimas.

Elogiado por sua seriedade e franqueza, o ministro da Saúde Zweli Mkhize fez jus à fama na quarta-feira diante do Parlamento. "A tempestade que há tempos anunciamos está chegando", disse ele aos deputados.

Contidos pelas rigorosas medidas de confinamento impostas no final de março aos seus 57 milhões de compatriotas, os números de contaminações e mortes da COVID-19 dispararam nas últimas semanas.

Mais 10.134 casos e 192 mortes na terça-feira, mais 8.800 casos e 100 mortes novamente na quarta. Com 220.000 infecções e 3.600 mortes registradas até o momento, a África do Sul continua sendo o país mais afetado do continente.

O tão temido "pico" da crise da saúde parece estar se aproximando e, com isso, aumenta a preocupação das autoridades.

"Estamos em um ponto em que nossos pais, mães, irmãos, irmãs, amigos íntimos e camaradas estão infectados", disse o ministro.

O sistema hospitalar no país mais rico da África Subsaariana está à beira do colapso. E isso apesar dos hospitais de campanha enviados por militares ou ONGs.

"Nossa capacidade de leitos será excedida em todas as províncias", acrescentou Mkhize.

Em particular em Gauteng, que abriga a maior cidade do país, Johannesburgo - pelo menos 7 milhões de habitantes de acordo com as estimativas mais recentes - e a capital Pretória, que nesta semana reivindicou o título de principal foco da epidemia na Região do Cabo (sul).

- 'Questão sensível' -Em todos os cemitérios da província, as escavadeiras entraram em ação para cavar longas filas de sepulturas, prontas para possíveis enterros em massa.

O "ministro" da saúde de Gauteng, Bandile Masuku, considerou oportuno anunciar na quarta-feira que mais de um milhão de covas estavam disponíveis.

"Todos os nossos municípios estão aumentando suas capacidades e adquirindo terras de que precisam para enterros", afirmou.

"Este é um assunto delicado, e eu gostaria de dizer que sempre há uma boa chance de evitar o pior do pico".

Tarde demais, o estrago estava feito. Seus números foram repetidos nos canais de notícias e redes sociais, alimentando um sentimento de ansiedade.

"A resposta do governo à COVID-19 visa prevenir infecções e salvar vidas", tranquilizou o ministro encarregado do gerenciamento de crises, Nkosazana Dlamini-Zuma, no Twitter.

"NÃO estamos nos preparando para um milhão de mortes no país", insistiu.

"O número de mortos é de cerca de 550.000 em todo o mundo, não há cenário prevendo tantas mortes em Gauteng", ressaltou uma autoridade local da oposição, o Dr. Jack Bloom.

"Os comentários de Masuku criam pânico desnecessário e devem ser retirados", exigiu.

Os serviços de saúde de Gauteng fizeram questão de precisar a situação nesta quinta-feira. "A província não cavou mais de um milhão de sepulturas", corrigiram, "esse número se refere apenas à sua capacidade total".

bur-pa/sb/mr

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