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Extrema-direita é principal ameaça à segurança na Alemanha, diz governo

A cena de extrema-direita no país incluía 2 mil pessoas em 2019, das quais 13 mil são consideradas dispostas a cometer atos violentos - Jens Kalaene/Picture alliance via Getty Images
A cena de extrema-direita no país incluía 2 mil pessoas em 2019, das quais 13 mil são consideradas dispostas a cometer atos violentos Imagem: Jens Kalaene/Picture alliance via Getty Images

09/07/2020 11h24Atualizada em 09/07/2020 15h42

O número de crimes e delitos cometidos por extremistas de direita e de esquerda cresceu na Alemanha em 2019, revelou um relatório do Departamento Federal de Proteção da Constituição apresentado hoje em Berlim pelo presidente desse serviço secreto interno, Thomas Haldenwang, e pelo ministro do Interior, Horst Seehofer.

No ano que passou, o serviço secreto registrou 21.290 crimes com motivações de extrema-direita, um aumento de cerca de 10% em relação ao ano anterior. Além disso foram registrados 6.449 crimes cometidos pela extrema-esquerda, um aumento de cerca de 40%.

Esses números incluem todo tipo de crime e delito, como propaganda ou destruição de cartazes eleitorais. Os crimes violentos, porém, diminuíram nos dois espectros: entre os extremistas de direita foram 15% menos, entre os extremistas de esquerda, cerca de 10%.

Já os crimes violentos com motivação antissemita aumentaram em 17%, o que, segundo o relatório, mostra mais uma vez os riscos do porte de armas por extremistas de direita, como os Reichsbürger (cidadãos do Reich, que não reconhecem a existência da República Federal da Alemanha).

"Antissemitismo, xenofobia e islamofobia foram também em 2019 focos da agitação de extrema-direita", disse Seehofer. Segundo ele, o extremismo de direita, o antissemitismo e o racismo continuam sendo a maior ameaça à segurança interna na Alemanha.

O relatório menciona os atentados de extrema direita que resultaram na morte do prefeito de Kassel, Walter Lübcke, e de duas pessoas num ataque a uma sinagoga em Halle, no leste da Alemanha.

A cena de extrema-direita na Alemanha incluía cerca de 32 mil pessoas em 2019, afirma o relatório, das quais 13 mil são consideradas dispostas a cometer atos violentos. Isso são 300 a mais do que no ano anterior.

Esta é a primeira vez que o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) é mencionado no relatório, já que a chamada Flügel, uma ala do partido hoje oficialmente extinta, é monitorada pelo serviço secreto. Ela engloba cerca de 7 mil membros da AfD, ou 20% do total.

A inclusão dessas 7 mil pessoas na relação de extremistas de direita é a principal explicação para o número total desses extremistas no país ter passado de 24,1 mil para 32 mil em apenas um ano.

O Ministério do Interior proibiu em junho a organização de extrema-direita Nordadler, acusada de propagar uma ideologia nazista e antissemita. Em janeiro havia sido proibida a Combat 18 Deutschland, e em março foi a vez da Geeinte deutsche Völker und Stämme, uma organização do movimento Reichsbürger.

O número dos extremistas de esquerda também aumentou de 2018 para 2019, passando de 32 mil para 33,5 mil. "Típico da cena de extrema-esquerda é a sua pronunciada heterogeneidade", afirma o relatório.

Isso se aplica também à predisposição à violência. A cena de extrema esquerda se divide em dois grupos, afirma o relatório: um deles é predisposto à violência (cerca de 9,2 mil pessoas), e o outro não.

O serviço secreto afirmou ainda que, apesar de não terem ocorrido mais atentados islamistas na Alemanha, o perigo ainda existe. Nos últimos três anos não aconteceram ataques islamistas no país, o que, segundo o relatório, se deve ao declínio do "Estado Islâmico" na Síria e também à vigilância das autoridades alemãs, que monitoram a cena.

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