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De 'cachoeira' a mini-escapamento: 7 gambiarras que já flagrei em carros

do UOL

Colunista do UOL

09/07/2020 04h00

Quem não gosta de uma gambiarra? Principalmente quando dá tão certo, aquilo que era para ser provisório acaba se tornando permanente. Por vezes é tão discreta que ninguém percebe, mas na maioria delas é tosca e mal acabada.

Participo de um grupo do Facebook sobre gambiarras, e todos os dias a minha "linha do tempo" é bombardeada com engenhocas criativas de todos os cantos do país. Algumas não são nada seguras, mas, no geral, a risada é garantida.

Já no mundo dos carros não são raras as ocasiões em que o dono se depara com um problema caro de ser resolvido. Quando o bolso não permite que o conserto seja feito da maneira correta, a solução pode ser o abandono do veículo, como é o caso de muitos que estão largados pelas ruas, ou adaptar algo da maneira mais barata possível, mas que seja capaz de cumprir com a função principal e garantir mais um tempo de vida útil para aquilo.

Esse tema veio à tona quando participei de uma live no YouTube e fui perguntado sobre as maiores gambiarras que já tinha visto nas minhas avaliações de carros usados. De cabeça não lembrava de muitas, mas felizmente tenho arquivadas as fotos da maioria dos veículos que avaliei.

Recordei de tantas gambiarras que vi que renderia uma coluna sobre o tema. Então vamos a elas, mas adianto que algumas que vou apresentar não são recomendáveis. O objetivo é apenas mostrar um pouco do que acontece por aí.

"Tanque" de combustível no motor

tanque combustivel - Felipe Carvalho/UOL - Felipe Carvalho/UOL
Imagem: Felipe Carvalho/UOL

Em 2016, fui até a cidade de Sertãozinho avaliar um Ford Corcel 1973, ou seja, do mesmo ano da clássica "Ouro de Tolo" de Raul Seixas. O carro estava muito ruim e nem test drive pude fazer, pois os freios estavam em péssimas condições. Mas uma das coisas que mais chamou atenção foi o "tanque" de combustível improvisado, dentro do cofre do motor.

Na verdade era um galão de água sanitária, com uma mangueirinha que mandava a gasolina para o motor. O carro foi reprovado por mim, mas ainda assim meu cliente comprou-o. O objetivo dele era reformar o carro, e por isso resolveu encarar o desafio.

Pneus riscados

pneus riscados - Felipe Carvalho/UOL - Felipe Carvalho/UOL
Imagem: Felipe Carvalho/UOL

Você bate o olho no pneu, repara que tem os sulcos na banda de rodagem, e fica tranquilo por não ter que substitui-los no curto prazo. Porém, um olhar mais atento pode mostrar que esse pneu foi "maquiado" para parecer bom, ou seja, teve os sulcos refeitos de maneira artesanal.

Já me deparei algumas vezes com esse tipo de situação, que demonstra total irresponsabilidade do dono e que coloca sua vida e a de terceiros em risco. Na foto, o pneu de uma Land Rover Discovery, avaliada no início do ano por mim. Repare que, no meio dos sulcos, é possível ver a parte interna do pneu, que está além da borracha. Por fim, o carro foi reprovado não só por isso, mas por uma soma de vários outros pontos negativos.

Cachoeira no painel

Também no início desse ano fui até a cidade de São José dos Campos avaliar um clássico Volkswagen TL 1971, na desejada cor azul pavão. O tempo não estava bom e o dia estava chuvoso. Não é a melhor condição para avaliar um carro, ainda mais um antigo, mas até que a chuva me ajudou um pouco.

Reparei que pingava água na parte de baixo do painel. Para minha surpresa, o problema não era recente, pois a quantidade de fita adesiva que estava ali deixava claro que a gambiarra era daquelas que ia ficar por ali por muito tempo.

Para o simpático ex-dono, bastava não sair com o carro em dias de chuva. Mas, para azar dele, chovia bem naquele dia. No fim das contas, meu cliente fechou negócio e eu até voltei para casa com o carro. Mas comprou ciente que teria esse probleminha para resolver, caso não quisesse usá-lo apenas em dias ensolarados.

Farol de neblina curado

farol de neblina - Felipe Carvalho/UOL - Felipe Carvalho/UOL
Imagem: Felipe Carvalho/UOL

Uma boa avaliação de um carro usado requer olhos atentos para identificar detalhes mínimos, que podem passar despercebidos para a maioria das pessoas. Felizmente, minha vista estava boa no dia que avaliei essa Subaru Forester, pois a gambiarra utilizada foi o clássico durex, tão transparente que mal aparece na imagem.

Mas ele está, possivelmente de maneira permanente, cobrindo um pequeno buraco na lente do farol. Outro carro que foi reprovado, obviamente não apenas por isso, mas por uma soma de outros detalhes negativos.

Chave multifunção

chave - Felipe Carvalho/UOL - Felipe Carvalho/UOL
Imagem: Felipe Carvalho/UOL

Espetar a chave no miolo da maçaneta para abrir as portas é coisa do passado. Quem tem chave com botões para destravar as portas sabe como isso facilita essa operação. Mas, com o passar dos anos, nem tudo continua funcionando bem. Nesse Fiat Siena que eu avaliei em 2018, o alarme original deixou de funcionar.

A solução mais barata foi instalar um novo alarme, sem compromisso com a originalidade. Com isso, os botões da chave deixaram de ser funcionais, e um novo controle do tipo chaveiro ganhou a função.

O tempo passou, e esse controle quebrou a parte onde ficava a argola que o unia a chave. A solução encontrada pelo dono foi colar o controle na chave, no melhor exemplo de gambiarra tosca que vai durar até quebrar novamente. Esse Siena foi reprovado, pois o coitado estava em péssimo estado de conservação, além de ter quilometragem adulterada.

"O" obeso

Ford - Felipe Carvalho/UOL - Felipe Carvalho/UOL
Imagem: Felipe Carvalho/UOL

Mais um Corcel na lista de gambiarras, mas dessa vez foi um GT 75 em ótimo estado de conservação, digno de ser exposto em qualquer encontro de carros antigos. Mesmo assim, não se livrou de ostentar uma gambiarra, quase que imperceptível em um primeiro olhar. Na tampa traseiro, as letras que compõem a palavra FORD estão bem espaçadas, como deve ser.

Porém, a letra "O" se perdeu em algum momento de seus 45 anos de vida. A solução encontrada pelo dono foi colocar uma letra vinda de um outro carro, sem respeitar a fonte. Meu cliente comprou o carro e está feliz da vida. Se ele irá atrás de um "O" original, eu não sei, mas tudo leva a crer ficará do jeito que está por um bom tempo.

Escapamento pela metade

escapamento - Felipe Carvalho/UOL - Felipe Carvalho/UOL
Imagem: Felipe Carvalho/UOL

É triste, mas alguns modelos de carros têm prazo de validade curta. É o caso de muitos importados que venderam ou vendem pouco no Brasil. Chega um momento da vida que a dificuldade e o custo de peças e mão de obra são tão altos que não vale a pena manter o carro.

Avaliei um Ford Mondeo 97, modelo importado que vendeu pouco por aqui. Encontrar peças para ela não é das tarefas mais fáceis, e certamente foi esse o motivo do dono ter adaptado um pequeno escapamento, que termina na parte central da carroceria.

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