Pandemia expôs limites do "negacionismo populista", diz Merkel
"Estamos vendo no momento que a pandemia não pode ser combatida com mentiras e desinformação, nem com ódio e agitação", disse ela. "O populismo que nega os fatos está demonstrando seus limites", acrescentou ela. “Em uma democracia, fatos e transparência são necessários. Isso é o que diferencia a Europa, e isso que será defendido pela Alemanha durante sua presidência."
A Alemanha, que assumiu no dia 1º de julho a incumbência de presidir as reuniões do bloco europeu, enfrentará o desafio de atingir o consenso no debate em torno no fundo de resgate pós-pandemia para o bloco das 27 nações. Nos seis meses do mandato alemão, também será decidido o orçamento do bloco para os próximos 7 anos, enquanto o continente avalia formas de se recuperar da recessão gerada pela crise do coronavírus.
"A profundidade do declínio econômico exige que nos apressemos", disse Merkel aos eurodeputados. "Não devemos perder tempo; particularmente os mais fracos sofrerão com isso. Espero muito que possamos chegar a um acordo durante o verão [no hemisfério norte]. Isso exigirá boa vontade de todos os lados para chegarmos a um meio-termo, e dos senhores também", reforçou.
"Não podemos ser ingênuos. Em muitos Estados-membros, os opositores da Europa estão apenas aguardando para fazer mau uso da crise, tendo em vista seus próprios fins", alertou. "Devemos mostrar a eles o estado dos valores agregados da cooperação da União Europeia. Devemos mostrar que um retorno ao nacionalismo significa não mais, mas, menos controle."
Em maio, Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron, propuseram a criação de um fundo de resgate de 500 bilhões de euros através de empréstimos compartilhados entre os países da UE. O acordo marcou um rompimento da Alemanha com sua longeva tradição de se opor a empréstimos coletivos.
A Comissão Europeia aumentou a aposta e sugeriu a criação de um fundo de 750 bilhões de euros, composto majoritariamente de subvenções. A proposta enfrenta resistência da Áustria, Holanda, Suécia e Dinamarca, que não veem com bons olhos a concessão de financiamentos sem garantias.
"É correto e importante para as regiões atingidas com mais intensidade pela crise e, acima de tudo, para as pessoas lá vivem, que possam estar aptas a contar com a nossa solidariedade", reforçou Merkel. "É do nosso próprio interesse, mas, ao mesmo tempo, isso também significa que o esforço que se faz necessário para o bem de todos não deve sobrecarregar os Estados mais fortes economicamente de modo unilateral".
RC/ap/rtr/afp
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