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Guerra dos EUA contra Huawei começa a dar resultado na Europa

Thomas Seal e Helene Fouquet

08/07/2020 08h43

(Bloomberg) -- A Huawei Technologies passou de fornecedora essencial de redes móveis do Reino Unido e França ao possível banimento. A resistência inicial e compromissos de países europeus começam a ceder após a campanha implacável da Casa Branca.

Ambos os países indicaram nesta semana que têm tomado medidas para reduzir a dependência da empresa chinesa. O Reino Unido estuda reduzir o uso de equipamentos da Huawei já a partir deste ano, e a ANSSI, agência francesa de segurança cibernética, planeja impor um sistema de isenção que provavelmente limitará muito o uso dos produtos da empresa.

Há um ano, o cenário parecia muito mais otimista para a empresa chinesa. O comitê de inteligência e segurança do Reino Unido havia dito em julho de 2019 que barrar a Huawei tornaria as redes menos resistentes a ataques maliciosos. O raciocínio do comitê era que a medida reduziria a concorrência e deixaria o Reino Unido dependente de apenas dois fornecedores, Nokia e Ericsson.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, tentou fechar um compromisso em janeiro, permitindo que operadoras usassem equipamentos da Huawei para instalar seus sistemas 5G, desde que respeitassem o limite de 35% e concordassem em não usá-los em núcleos sensíveis da rede.

Mas a pressão dos EUA continuou a aumentar, e governos europeus e operadoras tiveram que escolher entre duas potências mundiais. O governo do presidente Donald Trump recorreu às sanções, tornando cada vez mais difícil para operadoras europeias acessarem produtos da maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações.

"O crescimento dos gastos de P&D da Huawei tem acelerado recentemente", disse Neil Campling, analista da Mirabaud Securities. "Seus avanços em relação aos pares ocidentais são significativos e, portanto, os EUA estão usando tudo o que podem com seu poder político - sejam sanções comerciais, acordos oficiais, acordos não oficiais - para tentar segurar o avanço da China."

A Huawei tem negado consistentemente que represente um risco à segurança e afirma que opera independentemente do governo chinês. O porta-voz da Huawei, Paul Harrison, argumentou no Twitter que os EUA estão ditando injustamente a política do Reino Unido com sanções e que ameaçam o lançamento do 5G no país.

Ainda há mercados europeus a serem disputados. O governo alemão enfrenta dificuldades para estabelecer regras que exigiriam certificação de segurança para fornecedores da rede 5G. Autoridades chinesas haviam destacado que montadoras alemãs - a jóia da coroa da maior economia da Europa - como alvo potencial de retaliação se a Huawei fosse banida de seus mercados.

O golpe certeiro para as relações da Huawei com a Europa pode ter ocorrido em maio, quando os EUA proibiram a empresa de adquirir microchips que usam tecnologia americana.

A prevalência de chips que são fabricados com tecnologia americana ou a incorporam levou Pierre Ferragu, analista da New Street Research, a dizer em maio que "a Huawei tem 12 meses para sobreviver".

©2020 Bloomberg L.P.

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