Topo
Notícias

Azul se prepara para uma crise ainda longa do setor aéreo

Aeronaves da Azul - Gianfranco Beting
Aeronaves da Azul Imagem: Gianfranco Beting

Ezra Fieser

08/07/2020 11h31

A Azul corta custos e preserva capital à medida que se prepara para uma lenta recuperação, após a desaceleração das viagens aéreas que já levou três grandes empresas latino-americanas do setor para a recuperação judicial.

A terceira maior aérea do Brasil está negociando com sindicatos, arrendadores de aeronaves, bancos e fornecedores para preservar recursos suficientes para se manter até o final do próximo ano, disse o diretor financeiro Alex Malfitani em entrevista. Ele espera acordos nas próximas semanas.

A empresa, cujo principal acionista é o fundador da JetBlue Airways, David Neeleman, também está considerando novas fontes de financiamento, incluindo um potencial pacote de ajuda do governo brasileiro.

"Todo mundo se beneficia com a Azul saindo dessa crise", disse Malfitani. "Depois de conseguirmos a aprovação de bancos e arrendadores, e se essa crise se desenrolar como esperamos, não precisaremos levantar capital adicional até o final de 2021".

Os títulos e ações da Azul despencaram desde que a crise global das viagens aéreas atingiu a América Latina com força, à medida que os governos fecharam fronteiras e aeroportos e os consumidores ficaram em casa. Três das maiores empresas da região - Latam Airlines, Avianca Holdings e Grupo Aeromexico - entraram com pedido de recuperação judicial, após serem forçadas a manter aeronaves no solo. A Azul reduziu a capacidade em 92% no auge da desaceleração em abril, disse Malfitani.

Enquanto a concorrente Gol Linhas Aéreas Inteligentes disse que vai retomar cerca de 80% dos serviços até o final do ano, a Azul adota uma abordagem mais conservadora. Planeja apenas 45% da capacidade pré-pandêmica até o final do ano, disse Malfitani.

"Preferimos esperar o melhor e nos preparar para o pior", disse ele.

Os investidores também estão se preparando para o pior. Os preços dos US$ 400 milhões em títulos da companhia aérea com vencimento em 2024 caíram para 44 centavos de dólar. As ações desabaram 72% este ano em dólar, acima das queda de 43% do índice Bloomberg World Airlines.

Ao contrário das operadoras dos EUA e da Europa que receberam grandes resgates do governo, as companhias aéreas brasileiras estão negociando com o BNDES e outros credores sobre possíveis ajudas. Um pacote, cujos termos deverão ser finalizados nas próximas semanas, provavelmente incluirá uma combinação de dívida de baixo custo e a emissão de warrants que permitiriam a compra de ações a um preço acordado.

A Azul não precisa do dinheiro imediatamente e continua avaliando outras fontes potenciais de financiamento, incluindo o mercado de capitais internacional, disse ele. Tem dinheiro suficiente disponível para mais de um ano.

"Obviamente, dormiremos muito melhor quando estivermos com os recursos em nossas contas bancárias", disse Malfitani. "Mas não é algo que já está decido ou que precisamos imediatamente."

Notícias