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Quatro em cada cinco venezuelanos não tem como comprar cesta básica

07/07/2020 22h46

Caracas, 8 Jul 2020 (AFP) - Quatro em cada cinco pessoas não tem como compar a cesta básica de alimentos na Venezuela, onde a pobreza disparou em 2019 em meio ao colapso econômico, de acordo com um estudo apresentado pelas principais universidades do país nesta terça-feira (7).

Com uma renda média de 0,72 dólares por dia neste país de 30 milhões de habitantes, 79,3% dos venezuelanos não ganham o suficiente, enquanto a cesta de alimentos aumenta rapidamente devido à hiperinflação, de acordo com a Pesquisa Sobre Condições de Vida (Encovi).

Segundo o levantamento, relizado pelas universidades públicas Central de Venezuela (UCV) e Simón Bolívar (USB) e a privada Católica Andrés Bello (UCAB), a pobreza atinge 96,2% dos domicílios em 2019 e a pobreza extrema, 79,3%, em comparação com 92,6% e 76,5% em 2018.

O governo do presidente Nicolás Maduro normalmente nega as estimativas da Encovi, e os números oficiais divulgados em 2019 colocaram 17,3% das famílias na pobreza e 4,3% na pobreza extrema em 2018.

A "pobreza multidimensional", que inclui medidas de padrões de vida, emprego, educação, serviços públicos e moradia, saltou de 51% para 64,8%.

Os índices subiram para níveis "nunca" vistos na história moderna do país com as maiores reservas de petróleo, disse Luis Pedro Spain, pesquisador da UCAB, ao apresentar os resultados.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Eclac) estimou a taxa de pobreza na região em 30,8% da população em 2019 e a de extrema pobreza em 11,5%.

A Venezuela vive seu sétimo ano de recessão e acumulou inflação de 3.684% em 12 meses até maio, segundo a maioria parlamentar da oposição.

A renda mensal mínima, composta de um salário básico e um bônus de comida, é equivalente a cerca de 3,8 dólares, o que mal é suficiente para comprar 30 ovos, e está tão defasada que perde o valor de referência.

Diante do colapso, 92% das famílias disseram ser beneficiárias de um programa governamental que fornece alimentos subsidiados os carentes, um número que cresceu de 88% em 2018.

Cerca de 2,3 milhões de venezuelanos migraram em 2019, segundo o estudo. Desde o final de 2015, mais de cinco milhões fugiram da crise, segundo a ONU.

Os responsáveis pela pesquisa entrevistaram 9.932 famílias em Caracas e 21 dos 23 estados do país. Eles haviam analisado 16.920 famílias, mas tiveram que interromper as consultas devido à pandemia da COVID-19.

atm/erc/gma/lca

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