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Gêmeas siamesas unidas pela cabeça são separadas após 3 cirurgias na Itália

Irmãs Ervina e Prefina compartilhavam a parte posterior do crânio, assim como o sistema venoso - Divulgação/Hospital Bambino Gesú
Irmãs Ervina e Prefina compartilhavam a parte posterior do crânio, assim como o sistema venoso Imagem: Divulgação/Hospital Bambino Gesú

De Roma

07/07/2020 15h06

O hospital pediátrico romano Bambino Gesú (Menino Jesus, em português) anunciou hoje o sucesso, após três cirurgias de alto risco, da separação de gêmeas siamesas de dois anos unidas pela cabeça. As irmãs Ervina e Prefina nasceram com uma doença "rara e completa da fusão cranial e cerebral", divulgou o hospital.

Foi a primeira vez na Itália, — e provavelmente no mundo, já que não há casos semelhantes na literatura médica —, que uma equipe de cirurgiões especializados consegue separar gêmeos dessa maneira. As gêmeas compartilhavam a parte posterior do crânio, assim como o sistema venoso.

As siamesas, nascidas na República Centro-Africana, chegaram à Itália em setembro de 2018 depois que o diretor do hospital aceitou recebê-las. Os exames realizados na Itália mostraram que as siamesas gozavam de boa saúde, mas o coração estava sendo mais exigido para manter o "equilíbrio fisiológico dos órgãos de ambas, principalmente o cérebro".

As crianças têm personalidades "distintas", afirmou o hospital. Prefina é mais agitada e brincalhona, enquanto sua irmã, Ervina, é mais séria e silenciosa.

O maior desafio que a equipe médica enfrentou, entre eles neurocirurgiões, anestesiologistas, neurologistas, cirurgiões plásticos, engenheiros e fisioterapeutas, foi na rede compartilhada de vasos sanguíneos que conduziam o sangue do cérebro a seus corações, explicou o hospital em um comunicado.

As siamesas foram submetidas a "três operações muito delicadas para reconstruir progressivamente dois sistemas venosos independentes", relatou a entidade.

A cirurgia final, que durou cerca de 18 horas e envolveu 30 médicos e enfermeiros, ocorreu no dia 5 de junho, quando os ossos do crânio compartilhado foram divididos. Depois, os cirurgiões reconstruíram uma membrana que cobre os dois cérebros e recriaram o revestimento de pele sobre os novos crânios.

"Um mês depois da separação final, as gêmeas estão bem", confirmou o hospital.

Em um vídeo de uma festa pelo segundo ano de vida das siamesas, celebrado no hospital, as crianças aparecem com as cabeças enroladas com fitas protetoras, gesticulando e segurando bolos em comemoração à data.

O hospital anunciou que ainda existe risco de infecção e que as crianças terão que usar capacetes protetores por vários meses. Os exames pós-operatórios mostraram que seus cérebros estão "intactos" e que poderão crescer normalmente e "levar uma vida normal, como todas as crianças de sua idade".

É a quarta vez que este mesmo hospital italiano realização operações em gêmeos siameses, que são considerados casos extremamente raros, com aproximadamente um caso para cada 2,5 milhões de nascimentos.

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