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Novo normal: mais ecológicos e econômicos, franceses investem na compra de produtos usados

06/07/2020 09h52

"O boom das vendas de mercadorias de segunda mão": essa é manchete de capa do jornal Le Parisien desta segunda-feira (6), que trata de um novo hábito dos franceses no mundo pós-Covid: dar preferência à compra de produtos usados.

A reportagem do jornal apurou que, desde o início do relaxamento da quarentena na França, em meados de maio, as vendas de mercadorias de segunda mão registraram um forte aumento. O motivo é a consciência ecológica dos franceses, cada vez mais sensíveis à questão, mas eles também são motivados por razões econômicas.

Jóias, DVDs, material esportivo, smartphones e outros utensílios eletrônicos: Le Parisien destaca que durante os mais de dois meses de confinamento, os franceses tiveram tempo suficiente para fazer uma triagem dos objetos guardados no fundo dos armários e se desfizessem daquilo que não estavam mais usando. 

O resultado é que as plataformas de revendas de artigos, como Vinted e Boncoin, registram um aumento de até 10% nas vendas. Um levantamento realizado pelo Centro de Pesquisa para o Estudo e a Observação das Condições de Vida da França (Credoc) mostrou que 38% dos consumidores de produtos usados são principalmente motivados pelo engajamento ambiental.

A recente crise econômica gerada pelo coronavírus também contribui com essa tendência. Percebendo o crescimento deste novo mercado, grandes redes da distribuição, como Ikea e Carrefour, também estão criando suas próprias plataformas de revenda de artigos usados ou se associando às já existentes. 

Uma tendência que veio para ficar

Segundo Le Parisien, muitos empresários estão convencidos de que essa tendência veio para ficar e que ela faz parte de um novo modo de vida dos franceses. "Esse estado de espírito se difunde a todas as camadas da sociedade. As classes médias e altas, antes ausentes, estão cada vez mais inclinadas a adotar a nova prática", afirma o jornal. 

Le Parisien foi até uma loja do Carrefour de Ocasião, na periferia da capital francesa, para observar os clientes. A jovem Farah vendeu um par de óculos Fendi, um relógio e bijuterias de luxo por € 350. Já o aposentado Alain comprou por € 1,90 um livro da escritora francesa Delphine de Vigan que custa € 19 nas livrarias. 

Em apenas um dia, a loja registrou 5 mil passagens pelos caixas. "Graças a esse conceito, os consumidores ganham poder aquisitivo", afirma Jean-Baptiste Prévoteau, um dos diretores de serviços de mercadoria do Carrefour.

Em editorial, Le Parisien publica que marcas e lojas, especialmente as que se dedicam ao comércio online, se veem obrigadas a se reinventar diante da crise da Covid-19 e a preocupação com o meio ambiente. "O desafio não é simples: os consumidores querem, ao mesmo tempo, comprar de forma fácil e durável. O combo será um quebra-cabeças para os próximos anos", conclui o jornal. 

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