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Ouvidoria abre investigação sobre ação no Moinho e pede afastamento de PMs

do UOL

Do UOL, em São Paulo

03/07/2020 18h47

A Ouvidoria da Polícia instaurou procedimento de investigação sobre uma ação da Polícia Militar —supostamente em busca de drogas— na Favela do Moinho, em Campos Elíseos, no centro de São Paulo.

O caso aconteceu ontem, por volta das 16h. A Ouvidoria pede ao Coronel José do Carmo Garcia, corregedor da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que indiquem quais foram os procedimentos utilizados e a natureza da operação.

Outro pedido da Ouvidoria, diante da gravidade dos fatos, é o "afastamento do trabalho operacional dos policiais militares envolvidos na ação, assim que identificados, até o término das investigações".

Segundo policiais disseram à Comissão de Direitos Humanos da OAB, ao ver a ação policial, um jovem caiu da laje de sua casa e machucou com gravidade a mão direita e poderá perder a mobilidade da mão. Moradores, porém, questionam relatos feitos no início da noite de que ele teria pulado pelo telhado.

A irmã do jovem relata que um grupo de quatro PMs invadiu a casa em que moram na favela do Moinho. Um deles, usando touca ninja e sem a tarjeta de identificação, atacou o jovem com uma faca. Ele sofreu um corte profundo na mão direita ao tentar se defender.

O jovem —Sidney Santos de Lima, 18 anos— pulou da varanda no primeiro andar da casa e sofreu ferimentos leves nas pernas. Foi socorrido por moradores e levado para a Santa Casa, onde passou por uma cirurgia na noite de ontem. Ele perdeu os movimentos na mão direita e pode ter o membro inutilizado.

Maria Cristina Góes dos Santos, 55 anos, mãe de Sidney, disse à reportagem do UOL que seu filho estava dormindo quando policiais invadiram sua residência. "Eu entrei em casa quando ouvi os gritos dele. A polícia saiu pelos fundos", relatou.

Menino mordido e protesto dos moradores

Após este primeiro ato, os PMs se dispersaram pela favela e um cão farejador mordeu o braço direito de uma criança cadeirante. O menino mordido pelo cachorro chama-se Vítor e tem 10 anos. Ele tem paralisia cerebral e por isso é cadeirante. Foi mordido justamente no braço que consegue mover melhor. Foi atendido num pronto-socorro e já está em casa.

O ferimento na criança aumentou a revolta dos moradores, que iniciaram um protesto.

Enquanto Sidney era levado por moradores ao hospital, a PM começou a atirar bombas de gás lacrimogêneo nos moradores revoltados, que ocuparam as duas pistas da Avenida Rio Branco e atearam fogo em lixo.

A PM mandou helicópteros e reforçou o policiamento e a Comissão de Direitos Humanos da OAB impediu o confronto. A manifestação terminou por volta das 19h15.

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