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Blindagem salvou filhos de Leonardo? Como proteção atua em acidentes graves

Land Rover blindado capotou anteontem com dois filhos e um sobrinho do cantor sertanejo Leonardo; ninguém sofreu ferimentos graves - Reprodução
Land Rover blindado capotou anteontem com dois filhos e um sobrinho do cantor sertanejo Leonardo; ninguém sofreu ferimentos graves Imagem: Reprodução
do UOL

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

03/07/2020 04h00

Anteontem à noite, Matheus e João Guilherme, filhos do cantor Leonardo, e Leandrinho, sobrinho, sofreram um acidente. O Land Rover Discovery blindado onde eles estavam capotou e caiu em um rio próximo à fazenda do sertanejo, em Goiás.

Os três, mais o motorista que conduzia o utilitário esportivo, escaparam sem ferimentos graves.

"Só o Leandrinho teve uma dor no pulso, mas está tudo certo. Muito obrigado, meu Brasil, por tudo", disse Leonardo em vídeo publicado no Instagram após o susto.

"Foi um acidente feio, mas graças a Deus e à blindagem do carro está tudo bem", falou Matheus em outra postagem na rede social.

Estão todos bem. Obrigado por todo carinho.

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Será mesmo que a blindagem do SUV de luxo contribuiu para que todos saíssem quase ilesos?

UOL Carros conversou com dois especialistas para saber se o senso de que carros blindados oferecem maior proteção em caso de acidentes graves corresponde à realidade.

Ambos concordam que a blindagem pode, sim, contribuir para evitar lesões mais sérias.

"Se o serviço for bem feito, ajuda. Os vidros blindados, por exemplo, não estilhaçam como peças convencionais e isso proporciona uma proteção extra", opina Marcelo Christiansen, proprietário da blindadora BSS e presidente da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem).

Vidros que não estilhaçam

Christiansen destaca que a manta balística instalada sob a lataria não tem função estrutural, porém é capaz de amortecer algumas pancadas, como no teto - foi o caso do acidente com os familiares de Leonardo.

"As partes protegidas pela manta não alteram a estrutura original do veículo, que deve ser preservada para manter a absorção de impacto para a qual o carro foi projetado. Ao mesmo tempo, a manta balística protege sobretudo contra objetos perfurantes, que podem invadir a cabine, como um guard-rail, por exemplo".

Marcelo Christiansen faz uma ressalva relativa às blindagens que utilizam chapas de aço em partes estratégicas, como colunas - a grande maioria dos serviços realizados no mercado brasileiro utiliza essa técnica.

"Se alguma dessas chapas for mal fixada, pode torcer e até se desprender sob impacto mais forte, podendo causar ferimentos graves nos ocupantes", pontua o empresário, segundo o qual sua blindadora não utiliza aço - somente a manta balística.

"O metro quadrado da manta de fibra de aramida tem custo mais de dez vezes maior na comparação com o aço. Porém, é a forma adequada para não mexer na estrutura do carro".

João Claudio Bourg, diretor comercial da Totality, concorda que a blindagem deixa o veículo "mais robusto", mas discorda sobre os riscos das chapas de aço balístico - utilizadas nas blindagens da sua empresa, em conjunto com a manta.

"Caso o serviço seja de qualidade, eu entendo que o aço deixa o veículo mais seguro. É muito difícil que essas chapas se desprendam, pois são parafusadas ou soldadas, dependendo da parte do veículo", opina.

Bourg explica que a Totality e muitas outras empresas do ramo utilizam o aço balístico em alguns pontos para facilitar determinados reparos.

"Se você cobrir toda a parte interna com manta, fica muito mais complexo trocar um retrovisor quebrado, por exemplo. Com uma chapa de aço, é mais fácil ter acesso. Basta desaparafusá-la, trocar o retrovisor e instalar o aço balístico novamente".

João Claudio Bourg faz uma ressalva em relação aos vidros balísticos, muito mais resistentes ao impacto, mas que podem representar risco adicional se um ou mais ocupantes estiverem sem o cinto de segurança - equipamento de uso obrigatório.

"O vidro blindado é muito mais espesso do que o convencional. Se alguém estiver com o cinto desafivelado, a chance de bater a cabeça no vidro e sofrer lesões severas ou até fatais cresce".

Em 2012, Pedro Leonardo, outro filho do cantor, dirigia um Kia Picanto que capotou após ele perder o controle do veículo - aparentemente, o hatch não tinha blindagem. Pedro sofreu ferimentos na cabeça e ficou internado durante cerca de 80 dias. Ele não estava no Land Rover acidentado anteontem.

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