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"Queimadas devastam de novo a Amazônia", alerta imprensa francesa

02/07/2020 10h56

A volta das queimadas na Amazônia, que registraram em junho o maior número de focos dos últimos treze anos, preocupa a imprensa francesa desta quinta-feira (2). Le Monde repercute os dados oficiais divulgados na quarta-feira (1°) pelo INPE e a rádio France Info destaca que os "incêndios devastam de novo a Amazônia".

No último mês, foram 2.248 focos de incêndios, informa o Le Monde, citando dados fornecidos pela AFP. As queimadas na floresta brasileira registraram um aumento de 19,5% em junho em relação ao mesmo mês de 2019.

Essa época marca o início da temporada de seca na região e as estatísticas oficiais confirmam as previsões pessimistas dos analistas. Eles temem que 2020 seja "ainda mais devastador que no ano passado, quando o aumento das queimadas na Amazônia suscitou uma grande comoção mundial", lembra o jornal francês.

O pior é esperado para o mês de agosto. No ano passado, mais de 30 mil focos foram registrados no período pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil, três vezes mais que em 2018. Le Monde afirma que os incêndios na Amazônia são, na maioria das vezes, criminosos e diretamente ligados ao desmatamento, realizado principalmente por agricultores que preparam as terras para o cultivo ou a criação de gado.

Desmatamento em alta desde o início do ano

O vespertino salienta que o desmatamento na região já estava em alta antes mesmo do início da temporada, com mais de 2.000 Km2 de florestas destruídos de janeiro a maio, o que representa 34% a mais do que no mesmo período de 2019.

"Os ecologistas acusam o governo do presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro, um "climatocético" notório, de favorecer o desmatamento ao pedir a legalização da agricultura e mineração em áreas protegidas".

Le Monde ressalta, ainda, que os especialistas temem que os incêndios provoquem problemas respiratórios em uma população já bastante afetadas pela Covid-19. Aliás, a pandemia, que deixou até agora mais de 60 mil mortos no Brasil, provocou um efeito colateral na defesa da Amazônia "ao reduzir o número de fiscais e as verbas para a proteção do meio ambiente", salienta o texto.

Em 2019, as queimadas na Amazônia foram o estopim para uma grave crise diplomática entre a França e o Brasil, a pior em vários anos entre os dois países que têm uma histórica relação bilateral.

 

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