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Mercado brasileiro segue no radar, diz presidente da Italcam

02/07/2020 13h58

SÃO PAULO, 02 JUL (ANSA) - O empresário Graziano Messana assumiu a presidência da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo (Italcam) em maio passado, durante a mais grave pandemia em um século e a maior crise financeira global desde 1929.   


No entanto, apesar do momento delicado vivido pelo mundo e especialmente pelo Brasil, que ainda não conseguiu controlar a pandemia do coronavírus Sars-CoV-2, ele garante que as companhias italianas continuam de olho no mercado brasileiro.   


"Nenhuma empresa investe em um país olhando o mês seguinte, ela está olhando os próximos dois ou três anos. E para os próximos dois ou três anos, o cenário não é ruim no Brasil", disse Messana, em entrevista à ANSA.   


O novo presidente da Italcam também falou sobre as expectativas para o pós-pandemia e os setores que devem capitanear o investimento italiano no Brasil. Confira abaixo: O que as empresas italianas estão pensando em termos de investimento no Brasil? A empresa que está de olho no Brasil não está vendo o supercurto prazo, ela está olhando o Brasil como um país que possa proporcionar uma oportunidade. As empresas que já estão aqui, como Impregilo ou Gavio, estão de olho nos programas de infraestrutura e privatização que estão acontecendo, e com o custo do dinheiro barato, elas estão interessadas em continuar o investimento. Em nenhum momento a FCA mudou a politica de investimento. E nós temos os menores juros que o Brasil já teve, não é 14%, hoje tem juros baixos e apetite. E quem já estava com um pé na transformação digital voou. Exemplo: a TIM colocou 8 mil funcionários em home office em uma semana e fechou um acordo gigantesco com o banco digital C6 para oferecer serviços de pagamentos digitais para 55 milhões de usuários. Outro exemplo: a Intimissimi investiu bastante em e-commerce, e o que aconteceu na pandemia? Cresceu 400%. E ainda fez caixa e vai abrir mais lojas. As empresas que já estavam com um pé na transformação digital conseguiram se virar muito bem. A transformação digital não é filha da pandemia. Ela já existia, a pandemia só a acelerou.   


Ao contrário da Itália, o Brasil ainda não controlou a pandemia, e não sabemos quando os casos vão parar de subir. Isso pode atrapalhar o investimento estrangeiro no país? O investimento industrial não vai ser muito atrapalhado. O Brasil não decidiu por uma política de lockdown firme como aconteceu em outros lugares, houve incerteza, houve troca de ministros, tudo isso levou o Brasil a essa curva. Mas quanto pode durar? A pandemia é uma coisa pontual, vai acabar. Nos países que conseguiram dar uma reduzida mais rapidamente, durou três, quatro meses. Nos países que não estão conseguindo estancar, vai acontecer o quê? Em vez de durar três ou quatro meses, vai durar seis, sete. Vai gerar, talvez, mais vítimas, mas vai acabar. Não vou me expressar do ponto de vista social porque não cabe a mim, mas, olhando o que a empresa olha, não impacta nada. Quem já decidiu investir no Brasil vai usar esses dois, três meses, para fazer a lição de casa, montar indústria, importar máquinas, e aí começa daqui a três meses. Nenhuma empresa investe em um país olhando o mês seguinte, está olhando os próximos dois ou três anos. E para os próximos dois ou três anos, o cenário não é ruim no Brasil.   


As pequenas e médias empresas formam um importante pilar da economia italiana e foram duramente afetadas pela pandemia. A crise pode reduzir seu apetite por internacionalização? Tem um antídoto para isso. Para a empresa média que foi afetada e agora tem de se readaptar, a internacionalização é a saída, porque o mercado italiano é muito pequeno. A Sace-Simest [núcleo de exportação e internacionalização da Cassa Depositi e Prestiti, espécie de Bndes da Itália] fez uma jogada maravilhosa: tirou, até 31 de dezembro de 2020, todas as garantias. Ou seja, uma empresa pequena ou média pode buscar dinheiro para abrir uma filial no Brasil ou até pesquisar se o produto tem mercado aqui sem dar nenhuma garantia. Ela simplesmente faz o pedido. Tem uma correria das empresas neste momento por esse tipo de demanda porque é um dinheiro que não existia. Em 15 dias você tem o projeto aprovado e o dinheiro na conta, é muito rápido. A empresa vê a internacionalização como uma salvação. Com essa jogada, estão pipocando empresas querendo estudar o Brasil.   


Quais setores vão liderar os investimentos italianos no Brasil em 2020 e no pós-pandemia? Para mim, saneamento, infraestrutura, farmacêutico e tudo o que é da parte digital. Com certeza o de energia continua, a Enel não parou o plano de investimentos, que é enorme, então o apetite vai continuar, inclusive em energias renováveis.   


Como a Italcam se adaptou ao isolamento provocado pela pandemia? A Italcam se adaptou muito rápido porque é uma empresa de serviços e mudou a parte de conteúdo. Obviamente, não tem eventos de networking para poder beber um vinho, trocar cartão de visitas, mas o conteúdo se colocou mais em webinars. Tivemos um ciclo de webinars muito bem-sucedido, com muito conteúdo e colocando as empresas grandes, que têm mais capacidade de investimento, para explicar para as menores como estão gerenciando esse momento. Também estamos fazendo um processo de transformação digital interna chefiado pelo vice-presidente [Rosario] Zaccaria, da Enel. Criamos um comitê para desenvolver um projeto de transformação digital que sirva para a câmara e para as empresas associadas. (ANSA)
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