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Pentágono diz que talibãs mantêm vínculos com aliado da Al Qaeda no Afeganistão

01/07/2020 17h56

Washington, 1 Jul 2020 (AFP) - O Pentágono afirmou nesta quarta-feira (1) que o Talibã mantém uma ligação próxima com o aliado da Al Qaeda no Afeganistão, que teria um "interesse permanente" em atacar tropas americanas e estrangeiras.

Em um acordo assinado entre Talibã e os Estados Unidos em fevereiro, os insurgentes concordaram em impedir a Al Qaeda de usar o Afeganistão como refúgio para planejar ataques.

Mas nos meses seguintes, o Talibã continuou trabalhando com a Al Qaeda no Subcontinente Indiano (AQIS), organização que busca estabelecer um Estado Islâmico contra os governos da região, informou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos em um relatório.

"A AQIS apoia e trabalha frequentemente com membros de baixo escalão do Talibã em seus esforços para minar o governo afegão e mantém um interesse contínuo em atacar as forças americanas e os alvos ocidentais na região", afirmou o Pentágono em uma análise de segurança para o Congresso.

"Apesar do recente avanço no processo de paz, o EI (grupo Estado Islâmico) manteve laços estreitos com o Talibã no Afeganistão, provavelmente para proteção e treinamento", disse o relatório.

O informe do Pentágono é apresentado um mês após a publicação de um estudo da ONU, que constatou que a Al Qaeda e o Talibã "permanecem próximos" e têm consultas regulares sobre negociações com os Estados Unidos.

Observadores afegãos há muito se perguntam se Washington está sendo ingênuo ao pensar que o Talibã cumprirá a promessa de cortar os laços com a Al Qaeda, o grupo jihadista por trás dos ataques de 11 de setembro de 2001, que levaram à invasão americana do Afeganistão.

O relatório acrescenta que todos os membros "essenciais" da Al Qaeda ainda presentes no Afeganistão estão focados principalmente na sobrevivência e delegaram a liderança regional à AQIS.

"O interesse da AQIS em atacar as forças americanas e outros alvos ocidentais no Afeganistão e na região persiste, mas a pressão contínua da coalizão (antiterrorista) reduziu a capacidade da AQIS de realizar operações no Afeganistão sem o apoio do Talibã" disse o Pentágono.

O acordo entre os Estados Unidos e o Talibã, assinado em 29 de fevereiro, teve como objetivo iniciar as negociações de paz a partir de 10 de março entre os insurgentes e Cabul. Mas tem sido difícil concretizar os diálogos em meio a trocas de prisioneiros e à violência crescente.

Segundo o pacto entre os Estados Unidos e o Talibã, as forças estrangeiras devem deixar o Afeganistão no próximo ano.

No entanto, o general Kenneth McKenzie, que lidera o Comando Central dos Estados Unidos, disse no mês passado que "condições teriam que ser cumpridas" para convencer o país de que ataques "não seriam planejados a partir do Afeganistão".

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