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FHC: "Não está na hora de esconder sentimento democrático"

Live reúne lideranças para discutir democracia - Reprodução
Live reúne lideranças para discutir democracia Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, em São Paulo

06/06/2020 16h56Atualizada em 06/06/2020 23h10

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou hoje que pessoas a favor da democracia precisam se unir. Mesmo não sendo fácil, avalia, a necessidade está posta. Acrescentou que o diálogo deve ser estendido aos militares sem uma avaliação prematura de que eles são favoráveis a qualquer tipo de golpe.

Durante participação em uma live do movimento Direitos Já na tarde deste sábado, afirmou ainda que as pessoas que têm condições de defender a democracia devem falar: "Não está na hora de esconder sentimento democrático".

Ele se referia a várias manifestações pedindo o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso Nacional. O ex-presidente não mencionou, mas estes protestos também pedem "intervenção militar com Bolsonaro no poder". Amanhã, haverá novas manifestações com esta bandeira. Pelo segundo final de semana, foram convocadas manifestações de defesa da democracia.

A live contou também com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim. O tema do encontro era: lideranças debatem a democracia brasileira e os caminhos para protegê-la.

FHC disse que Jair Bolsonaro (sem partido) se elegeu com uma agenda negativa para barrar ascensão de Lula, PT, esquerda e o que seus seguidores chamam de comunismo. Mas o ex-presidente lembrou que havia uma agenda não democrática que ninguém prestou atenção. Ele pediu uma solução política.

Este ponto de vista é partilhado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O deputado federal afirmou que existe um movimento que tenta criar um clima contra a democracia representativa. Acrescentou ainda que os seguidores de Bolsonaro entendem que o triunfo nas eleições de 2018 significou uma vitória absoluta e os outros poderes servem somente para respaldar os desejos do governo federal.

Maia declarou que desde o ano passado há manifestações com pautas contra a democracia que não tiveram resposta que deveriam. O presidente da Câmara dos Deputados concorda a posição de FHC de que a resposta deve ser política. Ele disse que o Congresso Nacional barra ações do governo federal que avançam sobre terras indígenas ou afrouxam a legislação sobre armas, fixando limites ao governo federal.

"O melhor caminho é colocar limites pela política".

União democrática

FHC defendeu ainda a união entre lideranças políticas porque o momento ameaça a condição de cidadão e nação.

"Os que são mais antigos têm que compreender qual é o seu papel. Não devem estar disputando com os mais jovens a posição que não podem exercer mais, de liderança. A liderança tem que vir de uma outra geração. Isto que eu estou dizendo, embora diga respeito a mim. Outros líderes deveriam entender que têm que aplaudir quando surgem novos líderes e deixar que a coisa avance".

O presidente da Câmara dos Deputados disse que uma coesão de forças democráticas está em curso. Contou que está conversando com pessoas que antes não dialogava. Rodrigo Maia ressaltou que estar discutindo democracia 30 anos depois da redemocratização é um dado muito negativo.

O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim declarou que a construção de uma frente pela democracia acontece via diálogo. Ele falou que é preciso elementos de provocação com o lançamento de questões importantes que exijam respostas. Disse também é necessário o aparecimento de uma liderança para fazer o papel no que chamou de "teatro político".

O governador do Maranhão, Flávio Dino, avalia que as instituições têm papel a desempenha na defesa da democracia. O Congresso Nacional discutindo temas como renda mínima, o STF mantendo a ordem como barrando fake news. Os partidos têm papel na visão dele e precisam abrir mão de interesses próprios, deixar de projetar a eleição de 2022, ou remoer o passado.

"Com o papel político dos partidos devemos fortalecer esta união".

Dino reconheceu que existem diferenças entre as forças políticas, mas disse que a situação é de emergência e leva a união porque todos defendem a democracia. O governador afirmou que ninguém nos partidos não bolsonaristas nega a ditadura e as torturas e é preciso se apegar a estas convergências para defender a democracia, que ele considera, sob ameaça.

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