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Com Pazuello, 'turma da Olimpíada' ganha espaço em ministério de Bolsonaro

Pazuello foi confirmado como ministro interino da Saúde - Valter Campanato/Agência Brasil
Pazuello foi confirmado como ministro interino da Saúde Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil
do UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

03/06/2020 20h51Atualizada em 03/06/2020 20h51

Além da patente de general, os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Walter de Souza Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Eduardo Pazuello (Saúde) têm um fato em comum no currículo: todos atuaram na Rio-2016.

Oficializado hoje chefe interino da pasta da Saúde, Pazuello integra o grupo militar que tem angariado mais espaço tanto no Palácio do Planalto quanto na Esplanada dos Ministérios, com nomeações de ex-subordinados à época da Rio-2016 para postos de segundo e terceiro escalão no governo.

Atualmente, os quatro generais formam um eixo de confiança em torno de Jair Bolsonaro (sem partido), que rivaliza com os filhos do presidente quando o assunto é aconselhá-lo.

A escalada militar dentro da cúpula mais próxima ao mandatário — onde civis como Onyx Lorenzoni (hoje ministro Cidadania) e Sergio Moro (ex-titular da pasta da Justiça e Segurança Pública) — caíram gradativamente, foi o pivô da ascensão da chamada "turma da Olimpíada".

general eduardo pazuello - Foto: José Dias/PR - Foto: José Dias/PR
General Eduardo Pazuello
Imagem: Foto: José Dias/PR

O homem da logística

Pazuello assume a Saúde interinamente, em meio à pandemia do coronavírus, com a missão de reorganizar o órgão após as polêmicas saídas dos ex-ocupantes do posto Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ambos defensores do isolamento social como medida de combate do coronavírus e contrários ao uso da cloroquina em casos.

Nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, o general atuou como coordenador logístico das tropas do Exército e era subordinado ao hoje ministro da Casa Civil, Braga Netto. À época, Netto era o coordenador-geral da assessoria Especial para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Os militares atuaram, durante os eventos esportivos, no patrulhamento de aeroportos, entorno dos estádios, além de monitorar revistas nos estádios.

O papel desempenhado na competição é mencionado por colegas que destacam Pazuello como alguém de notável "capacidade operacional". Ramos, ministro da secretaria de Governo e que também trabalhou na Rio-2016, o descreve como um "resolvedor de problemas".

Veteranos

Ramos, amigo de Bolsonaro, foi convidado para assumir a função de ministro palaciano após a demissão do também general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Ele está no posto desde julho de 2019.

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Walter de Souza Braga Netto (à esq.) conversa com Luiz Eduardo Ramos
Imagem: WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Na Olimpíada, Ramos era o chefe da 1ª Divisão de Exército e responsável pelo Complexo Esportivo de Deodoro, na zona oeste da capital fluminense. Também esteve ao lado de Braga Netto, que ajudou a comandar todo o planejamento de segurança.

O trabalho realizado durante a Olimpíada foi fundamental para a carreira de Braga Netto, que posteriormente chegaria ao posto de chefe do CML (Comando Militar do Leste), cargo de grande destaque dentro das Forças Armadas.

Em 2018, ele foi designado pelo então presidente Michel Temer (MDB) para ser o interventor federal da segurança pública no RJ. A missão foi uma ponte para Brasília. O general foi ganhando, aos poucos, espaço dentro do governo. Em fevereiro deste ano, ele assumiu como ministro da Casa Civil e rapidamente se tornou um dos homens de confiança do presidente.

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General Augusto Heleno
Imagem: Adriano Machado

Já Heleno, o "decano" da turma, foi dirigente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) até 2017, quando pediu demissão após a prisão do presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman —este é investigado pela força-tarefa da Lava Jato no RJ por corrupção na esteira do esquema chefiado pelo ex-governador Sergio Cabral.

À frente do Instituto Olímpico (órgão educacional do COB) e do departamento de Comunicação e Educação Corporativa do comitê, cabia ao general formular estratégias de comunicação interna e externa direcionadas a melhorar o desempenho do chamado "Time Brasil" — marca do COB que representa o conjunto de atletas olímpicos.

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