Governo busca destravar crédito a pequenas e médias empresas
Desde o início da turbulência econômica deflagrada pela pandemia, os bancos já emprestaram mais de R$ 900 bilhões em recursos novos, renovações e suspensão de parcelas de empréstimos, conforme balanço da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) publicado ontem. Apesar de o volume beirar R$ 1 trilhão, os recursos às pequenas e médias empresas ainda enfrentam dificuldades para chegar na ponta, seja por problemas na oferta ou até mesmo baixo apetite por endividamento frente às restrições impostas para cessão aos empréstimos.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu ontem que as políticas para pequenas e médias empresas têm de ser intensificadas e o governo discutiu no fim de semana medidas para que a ajuda chegue de forma mais rápida à ponta. "Esse é nosso principal problema hoje. O Banco Central deve anunciar medidas em breve com esse direcionamento", disse, durante audiência pública virtual na comissão mista que acompanha medidas de combate à pandemia no País.
Uma das modalidades esperadas é a linha que terá como garantia o fundo de aval do BNDES. A medida provisória que permitirá a injeção de cerca de R$ 20 bilhões no Fundo Garantidor de Investimentos (FGI) e mudará suas regras está pronta e sua publicação é esperada para hoje. A expectativa era que a mesma fosse divulgada no fim de semana, mas questões operacionais atrasaram o cronograma.
A linha que contará com garantia do FGI deve contemplar empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 300 milhões. Após a publicação da MP, a modalidade ainda deve levar algumas semanas até ficar pronta, apurou o Estadão/Broadcast. Isso porque há todo um trâmite de aprovação necessário e questões operacionais. O orçamento de R$ 20 bilhões a ser injetado no FGI já está aprovado, mas a ideia é liberar os recursos em tranches de R$ 5 bilhões ou R$ 10 bilhões.
Folha
Já o programa criado para financiar a folha de pagamentos de pequenas e médias empresas durante a crise está sendo ampliado, depois de seu desempenho ter ficado bem abaixo do previsto. Dos R$ 40 bilhões em recursos, só foram consumidos cerca de R$ 2 bilhões, conforme dados do BC compilados entre 8 de abril e 27 de maio. Em torno de 79,9 mil empresas foram beneficiadas, com 1,318 milhão de empregados.
Para tentar elevar esses números, o programa será reformulado, conforme a MP 944, que estabeleceu o financiamento da folha de pagamentos. Assim, o grupo de empresas elegíveis, cujo faturamento anual antes ia de R$ 360 mil a R$ 10 milhões, será de até R$ 50 milhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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