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Renault demitirá quase 15 mil para economizar R$ 12 bilhões até 2023

Renault deve cortar 4.600 empregos na França e mais 10 mil no mundo - Murilo Góes/UOL
Renault deve cortar 4.600 empregos na França e mais 10 mil no mundo
Imagem: Murilo Góes/UOL
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Do UOL, em Sâo Paulo (SP)

29/05/2020 05h48

Resumo da notícia

  • Demissões na Renault devem chegar a quase 15 mil no mundo
  • Plano faz parte de reestruturação anunciada pela aliança com a Nissan
  • Empresa vai rever produção em vários países e digitalizar processos para cortar custos

O Grupo Renault pretende demitir 14.600 funcionários em todo o mundo nos próximos anos. Segundo a montadora, a medida faz parte de um plano para economizar mais de 2 bilhões de euros (ou aproximadamente R$ 12 bilhões) em três anos.

Deste volume, "cerca de 4.600" postos de trabalho serão cortados na França, somando-se a mais de 10 mil empregos no resto do mundo.

A fabricante afirma que o plano anunciado hoje (29) se apóia em três pilares: simplificação de processos, redução da diversidade de componentes e ajuste da capacidade industrial.

De acordo com a Renault, "as mudanças planejadas serão implementadas em conjunto com parceiros sociais e autoridades locais por meio de diálogos".

Os resultados ruins em mercados importantes da indústria automotiva e a crise mundial causada pelo coronavírus atingiram em cheio a Renault. Recentemente, o governo francês chegou até a dizer que a empresa poderia deixar de existir se medidas não fossem tomadas.

"Confio em nossos valores e na administração de nossa companhia para ter sucesso nessa transformação planejada para dar ao nosso grupo o valor que merece. As mudanças planejadas são fundamentais para garantir a sustentabilidade da empresa e seu desenvolvimento a longo prazo. Acredito que o apoio de nossos parceiros da aliança (com Renault e Mitsubishi) nos permitirá atingir nossos objetivos e fazer do Grupo Renault uma grande empresa na indústria automotiva nos próximos anos", afirmou Jean Dominique Senard, chairman da Renault.

Readequação nas fábricas e fim da Alpine

Alpine A110 - Divulgação - Divulgação
Alpine A110 era produzido na fábrica de Dieppe, na França
Imagem: Divulgação

A fabricante detalhou como pretende reduzir custos em um plano que deve custar 1,2 bilhão de euros para ser implementado.

Na engenharia, o objetivo é enxugar aproximadamente 800 milhões de euros, o que será feito reduzindo a diversidade de componentes empregados na produção de veículos. Além disso, a Renault vai "otimizar o uso dos centros de pesquisa e desenvolvimento" por meio do uso mais extenso de meios digitais.

Na área de produção, o corte estimado é de 650 milhões de euros, que será obtido pela automatização das fábricas e adequação à demanda global, que é estimada em 3,3 milhões de unidades por volta de 2024. Planos de expansão no Marrocos e Romênia serão suspensos e a capacidade produtiva na Rússia deve ser revista.

Na França, a Renault estuda a criação de um "centro de excelência" para desenvolver veículos elétricos e comerciais leves. Outras medidas incluem novos planejamentos estratégicos em algumas fábricas francesas e o fim da produção do esportivo Alpine A110.

Por fim, a empresa pretende enxugar até 700 milhões de euros em investimentos em marketing. Isso será realizado por meio da digitalização de diversos processos e pela redução de custos em diversas áreas.

E no Brasil?

Fábrica da Renault no Paraná - Divulgação - Divulgação
Fábrica da Renault em São José dos Pinhais (PR)
Imagem: Divulgação

A situação na América do Sul e mais especificamente no Brasil não aparenta ser tão crítica como na Europa.

Na última quarta-feira, a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi anunciou mudanças na empresa, incluindo a eleição de "referências estratégicas" em cada região - ou seja, o apontamento de uma marca responsável por liderar as atividades nos mercados onde a aliança está presente.

A Renault foi eleita para administrar o mercado na América do Sul.

Na América Latina, a aliança pretende "racionalizar" as plataformas do segmento "B" (de veículos compactos), reduzindo o número de bases de quatro para apenas uma - incluindo produtos Renault e Nissan.

Esta plataforma será fabricada em apenas duas plantas do grupo, que não foram reveladas. Atualmente, a empresa possui quatro fábricas na América do Sul: duas no Brasil (Renault-Nissan em São José dos Pinhais e Nissan em Resende), uma na Argentina (Santa Isabel) e uma na Colômbia (Envigado).

No mercado brasileiro, a intenção é realizar uma divisão entre compactos (incluindo hatches e sedãs) e SUVs, com cada tipo de veículo sendo produzido em uma fábrica. Assim, a tendência é que os compactos sejam fabricados em São José dos Pinhais (PR), enquanto os SUVs saiam da planta de Resende (RJ).

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