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EUA rompe com OMS pela COVID-19, e Nova York se prepara para descofinamento

29/05/2020 22h30

Washington, 30 Mai 2020 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (29) o fim do relacionamento entre seu país e a Organização Mundial da Saúde (OMS), que ele acusa de ser muito indulgente com Pequim na crise dos coronavírus, enquanto a cidade mais afetada do mundo pela pandemia, Nova York, anunciou que está se preparando para iniciar seu desconfinamento.

A crise mundial sem precedentes desencadeada pela COVID-19 causou um abalo nas tensas relações entre Washington e Pequim, agora mergulhados num confronto aberto com ares de Guerra Fria.

Enquanto isso, a Europa acelera as etapas para voltar à normalidade, a América Latina segue no meio de um forte impacto e a Ásia tocou o alarme na sexta-feira quando foi diagnosticado um novo foco na Coreia do Sul, que anunciou imediatamente novas medidas restritivas.

Tudo isso cinco meses após o surgimento do novo coronavírus em Wuhan, na China, doença que matou mais de 364.000 pessoas e infectou mais de 5,91 milhões em todo o mundo, segundo dados oficiais, provavelmente muito abaixo da realidade.

- Fim das relações -"Como eles não fizeram as reformas necessárias e muito necessárias, encerraremos nosso relacionamento com a Organização Mundial da Saúde e redirecionaremos esses fundos para outras necessidades globais urgentes de saúde pública", declarou o presidente Trump à imprensa.

A OMS está em uma posição difícil, e seu diretor, Tedros Adhanom Ghebreyesus, teve que aceitar uma "avaliação independente" que não fez o suficiente para manter seu principal colaborador, Washington, dentro da organização.

Os Estados Unidos são o país que perdeu mais vidas na expansão da pandemia: 102.798 falecimentos.

É também o país com mais infecções detectadas, 1.745.606 registradas até esta sexta-feira. Seu foco principal foi Nova York, que após mais de dois meses de confinamento pode começar na semana de 8 de junho a retomar o caminho da vida normal, relatou o governador do estado, Andrew Cuomo.

A cidade, que teve mais de 21.000 óbitos, está perto de cumprir sete regras que reduzirão lentamente o confinamento de mais de dois meses, segundo Cuomo.

"Vamos nos concentrar nos pontos críticos", escreveu no Twitter o governador.

Enquanto isso, na Rússia, o desejo de encontrar um remédio para a COVID-19 levou Alexander Guintsburg, que chefia o instituto de pesquisa de Moscou Gamaleya, a injetar uma vacina de vetor viral para acelerar o processo científico ao máximo, declarou, com a esperança de terminar os testes clínicos do seu projeto de vacina ainda no meio deste ano.

Moscou registrou nas últimas 24h, 232 vítimas fatais, elevando o total para 4.374 falecidos e 387.623 casos, o terceiro país do mundo com mais infecções.

O segundo país nessa sinistra lista, o Brasil, com 465.166 contágios, soma 1.124 mortes nas últimas 24h. O México está logo atrás, com 447 mortes.

O Brasil viu sua economia despencar 1,5% no primeiro trimestre do ano, e o vírus está avançando rapidamente no nordeste do país, passando das capitais para o interior.

"Em 26 anos, nunca vi tantas pessoas vivendo com medo, passando fome, porque tudo parou. Mas a fome não para", disse à AFP Alcione Albanesi, fundadora da ONG Amigos do Bem.

- "Muito anos" -Já o México, que tem quase todo o seu território em alerta máximo, se prepara para um período incerto de "nova normalidade", no qual a retomada da atividade econômica deve ser "gradual e cuidadosa", explicou o subsecretário de Saúde, Hugo López-Gatell.

Esse "novo normal" significa que algumas medidas sanitárias podem permanecer "muitos anos" em vigor, alertou.

Países como Chile e Peru - que receberão uma linha de crédito de 11 bilhões de dólares do FMI para combater a crise - registraram novos recordes nacionais na quinta-feira à noite, com o primeiro no número de mortes (49) e no segundo em contaminações (5.874).

Os países latino-americanos estão em plena crise e, enquanto isso, a Europa e a Ásia estão relaxando as medidas de confinamento, que causou terríveis danos à economia.

Na França, a montadora Renault anunciou o corte de cerca de 15.000 empregos em todo o mundo. Seu parceiro japonês Nissan já anunciou na quinta-feira que fechará sua fábrica em Barcelona (Espanha) e reduzirá 20% de suas capacidades até 2023.

O PIB da Itália e da França caiu 5,3% no primeiro trimestre, como resultado da pandemia, segundo dados publicados nesta sexta.

As fronteiras externas da União Europeia permanecem fechadas e as fronteiras internas serão reabertas gradualmente.

A Grécia anunciou que aceitará voos de 29 países a partir de 15 de junho. A Áustria reabre seus hotéis e infraestrutura turística e a Turquia reabre parcialmente suas mesquitas.

No Reino Unido, as escolas e as lojas poderão abrir a partir de segunda-feira. Em vez disso, o museu parisiense do Louvre esperará até 6 de julho.

O futebol retornará aos campos espanhóis em 11 e 17 de junho na Inglaterra e 20 de junho na Itália.

- Novas restrições na Coreia do Sul -A situação na Ásia, primeiro continente afetado e que parecia ter deixado o vírus para trás, volta a preocupar, com o surgimento de novos casos.

Até então vista como um exemplo de controle da doença, a Coreia do Sul restabeleceu as restrições após recuperar a normalidade.

Em fevereiro, era o segundo país mais afetado do mundo, atrás da China, antes de conter a epidemia.

Depois que os casos dispararam na quinta-feira, porém, parques e museus serão fechados por duas semanas, e o número de estudantes na região metropolitana de Seul cairá.

Já nesta sexta, os novos casos voltaram a cair, para 58 em comparação com os 79 do dia anterior, o maior aumento em quase dois meses.

Enquanto isso, o Sri Lanka reativará as medidas de confinamento, após registrar seu maior aumento diário - a maioria de cingaleses provenientes do Kuwait e de marinheiros de uma base perto de Colombo.

No Irã, o número de casos detectados em 24 horas aumentou, o maior em quase dois meses, com 2.819.

O número total de contaminações é agora 146.668. Por sua vez, a Índia anunciou seu pior crescimento em duas décadas no primeiro trimestre do ano.

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