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UE propõe plano de ajuda bilionário para superar impacto econômico do coronavírus

27/05/2020 13h19

A Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira (27) um plano de € 750 bilhões para resgatar a economia do bloco diante da crise provocada pela pandemia de coronavírus. Espanha e Itália devem ser os mais beneficiados. Mas Bruxelas ainda enfrenta a difícil tarefa de convencer os 27 líderes da União Europeia (UE) a aceitarem a iniciativa.

"O custo da inação nessa crise será muito mais caro para nós", alertou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, pedindo aos 27 que "deixem de lado velhos prejulgamentos" e apoiem o plano.

Mas a tarefa não é fácil. A presidente do bloco enfrenta seu maior desafio desde que assumiu o cargo em dezembro, sabendo que os 27 líderes do grupo, que devem aprovar seu plano, não escondem suas diferenças e censuras sobre como sair da crise causada pela pandemia.  

Os 27 concordam na necessidade de agir para mitigar os danos, mas não sobre a forma do plano.

Para aproximar posições, Bruxelas propôs que este instrumento de US$ 825 bilhões, a ser levantado nos mercados em nome da UE, seja dividido entre empréstimos, como exigido pela Holanda, e ajudas a fundo perdido, como solicitado por Espanha e Itália.

A proposta de Madri e Roma recebeu o apoio inesperado da Alemanha na semana passada, tradicionalmente alinhada com os chamados países "frugais", adeptos do rigor fiscal, mas que, junto com a França, defendeu um fundo de meio trilhão de euros (cerca de US$ 550 bilhões).

Paris e Berlim propuseram levantar o dinheiro com a emissão de dívida nos mercados por parte da Comissão e distribuí-lo sob a forma de auxílio não reembolsável. Haia, Viena, Estocolmo e Copenhague querem empréstimos reembolsáveis, em condições favoráveis. Bruxelas busca um equilíbrio

Itália e Espanha sairiam ganhando

Do total, a Itália receberia um pouco mais de € 81 bilhões em ajuda direta e € 90 bilhões em empréstimos, enquanto a Espanha teria acesso a € 77 bilhões em doações e € 63 bilhões em créditos reembolsáveis. A proposta do fundo "é uma boa base para a negociação", estimou o governo espanhol.

Mas os debates serão tensos. Os europeus reproduzem a divisão interna existente durante a crise da dívida passada, que foi resolvida com o resgate da Grécia, em troca de duras reformas, e marcada por reprovações mútuas.

Madri e Roma já lutaram para que o fundo de resgate da zona do euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), não exigisse reformas em troca da concessão de linhas de crédito para enfrentar a emergência sanitária.

Essas linhas de crédito fazem parte de uma primeira resposta emergencial à crise de 540 bilhões de euros, juntamente com o instrumento de empréstimos para planos de desemprego parcial (SURE) e créditos do Banco Europeu de Investimento (BEI) para empresas.

No início da pandemia, a UE também suspendeu seus tetos de gastos e flexibilizou suas regras para ajuda pública, o que, de acordo com Espanha e Itália, permitiu que países menos endividados gastassem mais para resgatar suas economias em vez de apoiar seus parceiros europeus.

Acordo pode sair apenas em setembro

Embora o presidente francês, Emmanuel Macron, tenha pedido um acordo "rápido", os analistas apostam em setembro como prazo, sob a presidência rotativa da Alemanha, especialmente quando o debate sobre o fundo se junta ao já tenso sobre o orçamento da UE.

O fundo de reconstrução estará de fato vinculado ao Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2021-2027, o primeiro orçamento da UE sem o Reino Unido e que deve financiar as novas prioridades e sua "autonomia estratégica" contra concorrentes - entre eles, a China.

A primeira tentativa de chegar a um acordo em fevereiro não teve êxito. Os "frugais" queriam limitar seu tamanho de 1,07% da Renda Nacional Bruta (RNB) proposta para 1% e reduzir as políticas agrícolas e de coesão tradicionais, algo inaceitável no sul e no leste. A Comissão Europeia propõe agora um QFP de 1,1 trilhão de euros para os próximos sete anos.

De acordo com Bruxelas, além das perdas humanas, com mais de 173 mil mortes registradas até agora, o Produto Interno Bruto (PIB) da UE vai sofrer uma contração de 7,4% em 2020.

(Com informações da AFP)

 

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