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Forte dispositivo policial impede manifestações em Hong Kong

27/05/2020 13h33

Hong Kong, 27 Mai 2020 (AFP) - A polícia de Hong Kong usou gás de pimenta nesta quarta-feira (27) para dispersar uma centena de manifestantes pró-democracia em um bairro comercial da cidade, pouco antes do início do debate de um projeto de lei que penaliza qualquer ofensa ao hino nacional chinês.

Os manifestantes se concentraram ao meio-dia para criticar o projeto de lei e foram dispersados pelas forças de segurança. Cerca de 300 pessoas foram detidas, de acordo com a polícia. Imagens de televisão transmitidas ao vivo mostravam adolescentes, em sua maioria.

O debate no Conselho Legislativo (LegCo) do projeto de lei, que segundo o movimento pró-democracia viola a liberdade de expressão, acontece pouco depois da decisão da China de impor em Hong Kong uma lei de segurança nacional.

Pequim anunciou a medida na sexta-feira, após meses de grandes manifestações no território semiautônomo.

Os grupos pró-democracia convocaram uma grande manifestação para esta quarta-feira, dia do debate da lei, que pune com até três anos de prisão o desrespeito ao hino nacional chinês.

- Toque de recolher -A polícia colocou barreiras ao redor do prédio e empregou recursos humanos significativos.

Centenas de manifestantes se reuniram brevemente, durante o horário de almoço, nos bairros Causeway Bay e Central, antes de serem dispersos por spray de pimenta.

"Agora é como se, de fato, houvesse um toque de recolher", disse à AFP Nathan Law, uma figura do movimento democrático.

Em virtude do princípio "um país, dois sistemas", Hong Kong desfruta, desde sua devolução à China em 1997 e até 2047, de certos direitos desconhecidos em outras partes da China - em particular, a liberdade de expressão e um sistema judiciário independente.

Esse dispositivo contribuiu para tornar a ex-colônia britânica um importante centro financeiro internacional, oferecendo à China uma porta econômica para o mundo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já alertou Pequim que Hong Kong pode perder seu status econômico especial, se continuar com esses projetos legislativos.

A China está particularmente irritada com a população de Hong Kong, especialmente os torcedores de futebol, que vaiam o hino nacional para expressar sua raiva em relação a Pequim.

Os deputados pró-democracia, que não têm maioria no Parlamento, uma instituição parcialmente eleita por sufrágio universal, impedem a votação deste texto há meses.

No início de maio, representantes eleitos pró-Pequim assumiram o controle do Comitê da Câmara encarregado de revisar os projetos antes de serem examinados. Os opositores chamaram esse ato de inconstitucional.

Uma segunda leitura do texto foi incluída na pauta desta quarta-feira, e uma terceira será realizada na próxima semana. Depois disso, o projeto se tornará lei, se for aprovado.

Para os ativistas pró-democracia, as manifestações são o único meio de fazer suas vozes serem ouvidas em uma cidade sem verdadeiro sufrágio universal.

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, anunciou hoje um plano de ação "humanitário" para acolher os militantes opositores de Hong Kong.

No ano passado, mais de 5.000 buscaram abrigo nesse pequeno território que, há décadas, opõe-se ao regime comunista chinês.

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