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Corpo de idosa com suspeita de covid é trocado pelo de um homem em hospital

O corpo de Alaíde Rosa de Aquino, de 81 anos, foi trocado por outro, de um homem - Arquivo Pessoal
O corpo de Alaíde Rosa de Aquino, de 81 anos, foi trocado por outro, de um homem Imagem: Arquivo Pessoal
do UOL

Bruna Barbosa Pereira

Colaboração para o UOL, em Cuiabá

27/05/2020 18h58

O Hospital São Luiz em Cáceres (MT) abriu uma sindicância para apurar a troca de corpos de idosos que estavam internados e morreram ontem. Patrícia Ribeiro Aquino, neta de Alaíde Rosa de Aquino, de 81 anos, afirmou que a avó deu entrada no hospital na manhã de sábado (23), com quadro de insuficiência respiratória aguda grave. No entanto, após a morte, o corpo liberado para a funerária e sepultado foi o de Adélio João de Souza, de 66.

A idosa ficou internada em isolamento e não podia receber visitas dos familiares. Patrícia contou que o corpo da avó foi lacrado e entregue pela equipe do hospital aos funcionários da funerária. O Hospital São Luiz informou que, desde o início da internação, o quadro da idosa foi incluído nos boletins diários como paciente com suspeita de covid-19.

A troca dos corpos foi constatada pela própria unidade, que entrou em contato com Patrícia e pediu para que ela fosse até o local para conversar com os médicos. "O hospital ligou dizendo que tinha acontecido um engano, que a família precisava comparecer. Contaram sobre um senhor, que também tinha morrido no mesmo dia, mas já tinha testado negativo para covid-19. Trocaram os corpos", lembrou.

Patrícia contou que o corpo de Adélio foi enterrado como sendo da avó e a família precisou ir à funerária para resolver o problema. O corpo de Alaíde permaneceu no Hospital São Luiz e os familiares pretendem procurar a Justiça.

"Já registramos um boletim de ocorrência e vamos entrar com um processo contra o hospital. Sabemos que eles erraram, o erro não foi da funerária, já que eles nem sobem no prédio para pegar o corpo. É um descaso muito grande, coisa que só vemos em filme, que achamos que nunca vai acontecer com nossa família", lamentou.

Por meio de nota, a unidade informou que mantém, de forma contínua, a revisão de protocolos de segurança e o caso mencionado não está de acordo com o rigor dos procedimentos.

Patrícia disse que o hospital não procurou a família de Alaíde para prestar auxílio. No entanto, a unidade informou que foi oferecido "todo o suporte necessário para a resolução dos trâmites". Na manhã de hoje, a direção obteve autorização da Justiça para exumar o corpo, procedimento que será custeado pelo hospital.

Exame fica pronto em cinco dias

Em boletim sobre a covid-19 emitido ontem pela unidade, a morte da idosa foi confirmada como suspeita para a doença. O hospital tem outros seis pacientes suspeitos internados, sendo três em leitos de UTI e três em enfermaria.

O resultado do exame que atesta a doença deve ficar pronto em até cinco dias. Por meio da assessoria, o hospital ressaltou que cumpriu com o protocolo de atendimento exigido em casos suspeitos e confirmados de covid-19.

De acordo com Patrícia, Alaíde tinha problemas no coração, além de diagnósticos para diabetes e hipertensão. A idosa também tinha histórico de pneumonia e, assim que chegou ao Hospital São Luiz, foi sedada, intubada e levada para a UTI.

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