Canadá decide destino de executiva da Huawei
Vancouver, 27 Mai 2020 (AFP) - A justiça canadense decide nesta quarta-feira (27) se deve ou não continuar os procedimentos de extradição de uma executiva da gigante chinesa Huawei, uma decisão que pode levar à sua libertação e à normalização das relações entre Ottawa e Pequim.
Meng Wanzhou, diretora financeira da empresa número um do mundo em equipamentos 5G, é acusada de fraude bancária pelos Estados Unidos, que exige sua extradição.
A executiva chinesa de 48 anos, filha do fundador da Huawei, foi presa durante uma escala em Vancouver em 1 de dezembro de 2018 e libertada sob condições estritas de confinamento em sua mansão local.
Após uma semana de audiências em janeiro, a justiça canadense deve anunciar sua decisão a partir das 15h00: para ser extraditada, a justiça dos EUA deve processar Meng por um crime também punível no Canadá.
Os promotores acusam-na de cometer fraude por ter mentido a um banco americano, um crime no Canadá e nos Estados Unidos. Também a acusam de roubar segredos comerciais de empresas americanas.
Mas os advogados de defesa pedem sua libertação, alegando que o caso envolve violações das sanções dos Estados Unidos contra o Irã, que não foram impostas pelo Canadá no momento dos supostos crimes.
Se a solicitação da defesa for rejeitada, o assunto passará para outra etapa em junho, com novas audiências em setembro.
No entanto, se Meng for libertado, o Ministério Público terá 30 dias para recorrer da decisão da juíza Heather Holmes, da Suprema Corte da Colúmbia Britânica.
Em tal situação, Meng "seria bem aconselhada a deixar o país", disse à AFP o especialista em extradição Gary Botting.
- Foto de família -Em uma atitude um tanto arrogante, a empresária chinesa, usando sua tornozeleira eletrônica, posou ao lado de sua família e amigos nos degraus do tribunal de Vancouver.
Pequim deixou claro que sua libertação é um pré-requisito para melhorar as relações com Ottawa e para a libertação de dois canadenses detidos por suspeita de espionagem.
Michael Kovrig, um ex-diplomata em Pequim, e o consultor e empresário Michael Spavor foram presos na China nove dias após a prisão de Meng no Canadá.
Ottawa chama essas prisões de "arbitrárias".
Enquanto a número dois da Huawei vive em liberdade condicional em uma de suas duas luxuosas residências em Vancouver, os dois canadenses estão presos há mais de 500 dias e só têm direito a acesso consular a conta-gotas.
A China também bloqueou bilhões de dólares nas exportações agrícolas canadenses.
Washington acusa Meng de ter mentido ao banco HSBC sobre o relacionamento entre a Huawei e a Skycom, uma subsidiária que vendia equipamentos de telecomunicações para o Irã, expondo o banco a uma eventual violação das sanções americanas contra Teerã por seu programa nuclear.
A Promotoria se referiu a uma apresentação realiza em 2013 em Hong Kong, na qual Meng disse aos executivos do HSBC que a Huawei não era mais proprietária da Skycom e que tinha deixado seu conselho de administração.
O que seria uma declaração enganosa, porque a Huawei continuava controlando as operações da Skycom no Irã e mantinha o controle de seus cofres.
Já a defesa de Meng argumenta que as sanções dos Estados Unidos contra o Irã são "a base das acusações neste caso".
Na terça-feira, o ministério das Relações Exteriores da China pediu ao Canadá "que corrija seus erros e liberte Meng imediatamente, além de garantir que ela retorne à China com segurança".
O primeiro-ministro Justin Trudeau insistiu em deixar os tribunais decidirem o destino de Meng e argumentou que a China "não entende" que o sistema de justiça canadense é independente, voltando a vincular a detenção dos dois canadenses à prisão da executiva.
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HSBC
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