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Opaq diz que Damasco foi responsável por ataques químicos na Síria em 2017

08/04/2020 13h39

Haia, 8 Abr 2020 (AFP) - A Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) apontou as Forças sírias nesta quarta-feira (8), pela primeira vez, como responsáveis por ataques químicos cometidos no norte do país em 2017.

"O IIT (equipe de pesquisa e identificação da Opaq) concluiu que existem motivos razoáveis para acreditar que os autores do uso de sarin como arma química em Latamné, nos dias 24 e 30 de março de 2017, e do uso de cloro como arma química, em 25 de março de 2017, eram indivíduos pertencentes à Força Aérea da Síria", disse o coordenador do IIT, Santiago Oñate-Laborde, citado em comunicado.

Trata-se do primeiro informe do IIT, grupo encarregado de identificar os autores de ataques químicos na Síria.

Segundo a Opaq, dois aviões e um helicóptero da Aviação síria largaram bombas que continham sarin e cloro nestes três ataques. Mais de 100 pessoas foram atingidas.

"Pelo fato de o IIT não ser um órgão judicial com o poder de atribuir a responsabilidade penal individual, cabe ao conselho executivo da Opaq, ao secretário-geral das Nações Unidas e à comunidade internacional em seu conjunto adotar qualquer medida que considerem apropriada e necessária", declarou seu diretor, Fernando Arias, também citado no comunicado.

Outro relatório é esperado nos próximos meses sobre um ataque que deixou cerca de 40 mortos em abril de 2018 pelo uso de cloro, segundo investigadores da Opaq.

O governo Bashar al-Assad nega qualquer envolvimento em ataques químicos e afirma ter entregue todas suas reservas, após um acordo fechado em 2013.

"Ataques de tal natureza estratégica só poderiam ocorrer sob as ordens das mais altas autoridades do comando militar da República Árabe da Síria", disse Oñate-Laborde.

"Mesmo que a autoridade possa ser delegada, a responsabilidade não pode", acrescentou.

A organização Human Rights Watch estimou que o trabalho do IIT "deve dissipar qualquer dúvida de que o Estado sírio usou deliberadamente armas químicas contra seu próprio povo", de acordo com seu diretor Louis Charbonneau.

"As conclusões da Opaq devem ser usadas para apoiar alguma forma de justiça criminal para os responsáveis", acrescentou em comunicado.

Os ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, acusaram na época o regime sírio de estar por trás do bombardeio químico e atacaram instalações militares sírias em retaliação.

Apesar das fortes objeções da Síria e de seus aliados, incluindo Moscou, a maioria dos 193 Estados membros votou em junho de 2018 para fortalecer os poderes da Opaq, autorizando-a a designar o autor de um ataque químico e não mais apenas documentar o uso desse tipo de arma.

As conclusões do IIT "colocam a Síria em violação da Convenção sobre Armas Químicas", disse Peter Wilson, embaixador do Reino Unido na Opaq, em um tuíte nesta quarta-feira. "Os Estados partes devem reagir", acrescentou.

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