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Após absolvição de Pell, papa compara "penas injustas" a perseguição de Jesus

08/04/2020 13h39

Por Philip Pullella

CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Poucas horas depois de a Justiça da Austrália descartar a condenação por abuso sexual do ex-tesoureiro do Vaticano George Pell, o papa Francisco rezou uma missa matinal a todos aqueles que sofrem com penas injustas, que ele comparou à perseguição de Jesus.

A decisão da Alta Corte da Austrália anulou as sentenças segundo as quais Pell teria abusado sexualmente de dois meninos de um coro nos anos 1990, permitindo que o cardeal de 78 anos saia da prisão e encerrando o caso da figura mais destacada a ser acusada no escândalo de abuso sexual de longa data que vem abalando a Igreja Católica.

"Hoje gostaria de orar por todas aquelas pessoas que sofrem com penas injustas resultantes da intransigência", disse Francisco antes do início da missa. Ele não mencionou Pell, cardeal que encarregou das finanças do Vaticano em 2014.

O papa comparou o sofrimento das pessoas sujeitas a penas injustas nos dias de hoje com a perseguição de Jesus.

"Neste dias da Quaresma, vimos a perseguição que Jesus sofreu e como os doutores da lei se revoltaram contra ele e ele foi julgado com intransigência, sob intransigência, embora fosse inocente".

O papa escolhe uma intenção para a missa todos os dias antes de conduzir o serviço em sua residência. Nas últimas semanas, suas intenções para quase todas as missas diárias foram relacionadas à pandemia de coronavírus.

Pell, uma figura polarizadora na Austrália por causa de suas posturas conservadoras, continuou sendo cardeal, mas perdeu o papel de tesoureiro antes se tornar a autoridade católica mais graduada a ser presa por delitos de abuso sexual infantil.

Ele cumpria uma pena de seis anos devido a uma acusação de penetração de uma criança de menos de 16 anos e quatro acusações de ato indecente com uma criança de menos de 16 anos, o que o demandante disse ter acontecido quando Pell era arcebispo da cidade de Melbourne.

Os sete juízes da Alta Corte concordaram de forma unânime que o júri do julgamento do cardeal "deveria ter ponderado uma dúvida" sobre sua culpa, ordenando que o veredicto fosse descartado.

"Não quero mal ao meu acusador, não quero que minha absolvição aumente o sofrimento e a amargura que tantos sentem; certamente já existe sofrimento e amargura suficiente", disse Pell em um comunicado pouco depois de ser retirado da prisão de segurança máxima de Barwon, próxima de Melbourne.

O Vaticano saudou a decisão e elogiou Pell por ter "esperado que a verdade fosse determinada".

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