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Crise financeira da Venezuela exacerbada por guerra de preços do petróleo e vírus

03/04/2020 11h45

Por Corina Pons e Mayela Armas

CARACAS (Reuters) - Uma guerra de preços entre os produtores mundiais de petróleo reduziu a receita da Venezuela com seu principal produto de exportação e exacerbou a crise financeira do país, que também enfrenta a pandemia do coronavírus, sanções dos Estados Unidos e queda na produção de petróleo.

Mais de 90% da receita de exportação da Venezuela vem do petróleo. O país corre o risco de gerar menos de 8 bilhões de dólares este ano, um terço dos 25 bilhões de dólares em 2019, segundo a consultoria econômica Ecoanalitica. Dois outros consultores locais também projetaram que o governo terá menos da metade dos fundos que gerenciou no ano passado.

Há três semanas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou a ruptura do mercado de petróleo como um "golpe brutal" que reduziu o preço abaixo do custo de produção.

Na semana passada, a produção da Venezuela recuou abaixo de 700 mil barris por dia. O setor de petróleo lidou com anos de subinvestimento e falta de pessoas, e as sanções dos EUA limitaram o acesso da empresa estatal de petróleo a financiamento internacional e impediram que ela comercializasse petróleo nos Estados Unidos.

A companhia petrolífera russa Rosneft, que negociava a maior parte do petróleo da Venezuela no mercado asiático, anunciou na semana passada que seus negócios no país serão assumidos por outra companhia russa.

Essas mudanças e uma queda na demanda global de petróleo devido à pandemia aumentaram os estoques de petróleo da Venezuela no momento em que ela mais precisa vender barris.

Nem o Ministério da Informação, o Banco Central da Venezuela ou a empresa estatal de petróleo PDVSA responderam às perguntas da Reuters sobre sua receita estimada este ano.

No ano passado, Maduro reduziu os controles sobre a economia, permitindo que empresas e indivíduos faturassem dólares e operassem com maior liberdade. Agora sob quarentena, eles terão menos recursos.

(Reportagem de Corina Pons e Mayela Armas)

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