Espanha supera 10.000 mortes por coronavírus, com novo recorde diário
Madri, 2 Abr 2020 (AFP) - A Espanha superou nesta quinta-feira (2) a barreira dos 10.000 mortos em consequência da pandemia de coronavírus, com 950 vítimas fatais em 24 horas, um novo recorde diário no país - anunciou o Ministério da Saúde.
Além disso, a crise provocou, em março, o desemprego de cerca de 300.000 trabalhadores, um número "histórico".
O boletim do Ministério da Saúde registra 10.003 mortes até o momento, um aumento diário de 10,5%. Este percentual é quase idêntico ao de quarta-feira (1). O número de casos confirmados chega a 110.238, o que representa uma leve desaceleração na comparação a véspera.
A evolução interrompe a contínua queda observada a cada dia desde quarta-feira de 25 de março, quando o aumento do balanço foi de 27%.
"Os dados demonstram que a curva se estabilizou e que atingimos o primeiro objetivo de chegar ao pico da curva. Estamos começando a fase de desaceleração da epidemia", explicou o ministro da Saúde, Salvador Illa, ao apresentar uma avaliação global dos dados desde a semana passada.
O total de falecidos aumentou por 10 em menos de duas semanas, desde 20 de março, no segundo país do mundo com mais mortes por causa da COVID-19, atrás apenas da Itália.
O número de pessoas curadas alcança 26.743, quase quatro mil a mais do que ontem.
As regiões mais afetadas continuam sendo Madri, com pouco mais de 40% das vítimas fatais (4.175), e Catalunha, que superou a barreira de duas mil mortes (2.093).
As duas regiões estão com as emergências de vários hospitais saturadas pelo intenso fluxo de enfermos, o que forçou, de acordo com vários depoimentos, a restringir as internações e a privilegiar as pessoas com melhor histórico clínico.
"Antes recebíamos mais de 200 pacientes por dia. Agora, estamos abaixo de 150" no hospital clínico San Carlos de Madri, informou à AFP o presidente da Sociedade de Medicina de Emergências (SEMES), Juan Armengol.
Além disso, "agora que sabemos combater o vírus do ponto de vista assistencial (...) estamos esperançosos".
"Sei que estão passando provavelmente pelo momento mais difícil de sua carreira profissional", disse o ministro Illa aos profissionais da saúde.
"Ainda restam semanas difíceis para nosso sistema de saúde", completou.
- Aumento histórico do desemprego -Na frente econômica, a Espanha registrou 302.265 desempregados adicionais em março, devido ao "impacto extraordinário" da crise, informou o governo.
É "um número histórico em termos de aumento mensal", reconheceu a ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, em um país que antes da crise já apresentava a segunda maior taxa de desemprego na zona do euro, de 13,8%.
A atividade econômica desacelerou radicalmente pelo estado de emergência e pelo confinamento da população, decretados pelo governo em 14 de março para interromper a pandemia.
E se acentuou pela ordem do governo, anunciada no último sábado (28), de interromper até 9 de abril todas as atividades não essenciais. A medida afeta particularmente a construção e a indústria.
O setor de serviços é o mais atingido, com 206.016 desempregados adicionais no mês, em um país onde o turismo representa 12% do PIB e um grande número de empregos temporários.
Desde o início desta crise, o governo de coalizão de esquerda proibiu os empregadores de demitir trabalhadores alegando a pandemia como motivo, simplificou o procedimento de acesso a um mecanismo de desemprego temporário, subsidiado, e ampliou as possibilidades de concessão do seguro-desemprego.
avl/mg/mar/fp/mr/tt
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