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Veja por que os EUA poderiam promover o uso de máscaras contra a pandemia

01/04/2020 17h07

Washington, 1 Abr 2020 (AFP) - Depois de meses de recomendação aos cidadãos americanos para evitarem o uso de máscaras cirúrgicas, os Estados Unidos poderiam incentivá-lo, ao usar como exemplo os vários países asiáticos que conseguiram enfrentar bem o novo coronavírus.

A razão? Muitas pessoas sem sintomas podem contagiar outros sem saber, e a simples barreira de apenas uma máscara cirúrgica poderia ajudar a reduzir a propagação.

"Uma das informações que temos confirmadas agora é que um número significativo de pessoas infectadas na realidade permanecem assintomáticas", disse na terça-feira Robert Redfield, diretor dos Centros para Controle e a Prevenção de Doenças (CDC). Essa parcela de infectados pode "chegar a até 25%", acrescentou, citando dados da China.

O novo coronavírus é três a quatro vezes mais contagioso que a gripe, alerta Redfield. Propaga-se por meio das pequenas gotículas que saem quando a pessoa tosse ou espirra, mas também ao tocar em superfícies infectadas.

Também pode ser propagado quando pessoas infectadas usam o vaso sanitário, criando uma coluna de ar cheia de vírus no banheiro.

- Cachecóis e lenços -Até o momento, o conselho dos CDCs é de que apenas pessoas doentes e aqueles que cuidam deles em casa usem as máscaras como forma de evitar o contágio de outros. Mas isso pode mudar muito em breve.

A ideia do uso generalizado das máscaras é apoiada pelo presidente Donald Trump, que aconselhou as pessoas a criarem suas próprias máscaras improvisadas caso não consigam obter o material médico.

"Se puderem, usem um cachecol. Muitas pessoas tem cachecóis e isso seria algo muito bom", disse em sua sessão informativa diária na Casa Branca na terça.

"A ideia de um uso muito mais amplo de máscaras em toda a comunidade fora do círculo de atenção à saúde está em discussão muito ativa", disse à CNN, na última terça, Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas e membro do grupo responsável pela crise do novo coronavírus no país.

"O que nos inibe um pouco é garantir os carregamentos de máscaras aos trabalhadores da saúde que precisam delas (para trabalhar). Mas quando tivermos uma situação em que tenhamos máscaras suficientes, acredito que essa recomendação poderá ser ampliada", ressaltou.

- Exemplo asiático - Na China, Cingapura, Hong Kong e Japão, as máscaras, luvas e até mesmo botas protetoras são comuns, e a imagem sobre isso também está mudando na Europa. na República Tcheca e Eslovênia, as máscaras são obrigatórias.

O primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, disse no último domingo que Trump deveria seguir seu exemplo ao tuitar: "usar uma máscara simples reduz a propagação do vírus em 80%" A República Tcheca obrigou os seus cidadãos a usar máscara em público".

Na França, onde o discurso do governo também está mudando, muitos estão criando máscaras em suas próprias casas.

Uma das preocupações é que os que usam máscaras acabem não cumprindo o distanciamento social e a lavagem frequente de mãos: os exemplos asiáticos indicam que ambos são possíveis.

Nova York, a cidade mais afetada nos Estados Unidos, é outro caso: os poucos que saem para fazer exercício ou atividades essenciais o fazem usando máscaras e mantendo uma distância de ao menos dois metros dos demais.

Segundo Brandon Brown, epidemiologista da Universidade Riverside, na Califórnia, "uma vez que se coloquem a disposição máscaras mais efetivas, acredito que todos a usaremos para nossa própria proteção quando sairmos de nossas casas para comprar alimentos ou produtos essenciais", disse à AFP.

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