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União Europeia anuncia fundo de 100 bilhões de euros para salvar empregos no bloco

Mulher usa máscara de proteção em metrô na Cracóvia (Polônia) - Omar Marques/Getty Images
Mulher usa máscara de proteção em metrô na Cracóvia (Polônia) Imagem: Omar Marques/Getty Images

Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

01/04/2020 15h16

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou nesta quarta-feira, 1º de abril, a criação de um fundo de apoio temporário ao desemprego no bloco durante a crise do novo coronavírus. O fundo de 100 bilhões de euros, que já estava em discussão, foi antecipado por causa da epidemia da covid-19.

Desta maneira, países da União Europeia vão poder financiar mecanismos de apoio às empresas que priorizem medidas como o lay-off -- suspensão temporária de contratos, e não a destruição de empregos.

"Isso é a solidariedade europeia em ação", afirmou Von der Leyen, em um vídeo postado no Twitter, acrescentando que a iniciativa deverá "salvar milhões de empregos durante a crise e permitirá que a Europa reinicie seu motor econômico mais tarde".

Segundo Bruxelas, o novo fundo — que entra em vigor a partir desta quinta-feira (2), pretende complementar os esforços feitos pelos governos dos 27 países do bloco para proteger trabalhadores afetados pela pandemia do novo coronavírus.

Ursula von der Leyen explicou que a iniciativa será dirigida, em primeiro lugar, à Itália e Espanha, países mais atingidos pela doença, com mais de 22 mil mortos desde o início da crise. A ajuda financeira será enviada para "as regiões ao redor de Milão e Madri, que são pilares importantes da economia europeia", informou von der Leyen. "Milhares de empresas sólidas estão tendo dificuldades por causa da crise atual", explicou.

Inspiração em modelo alemão

O fundo da União Europeia para apoio temporário ao desemprego foi inspirado no modelo alemão Kurzarbeit -- trabalho curto, em alemão -- para proteger o emprego. Durante o pico da crise em 2009, este esquema conseguiu frear drasticamente o desemprego na Alemanha.

Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 1,5 milhão de trabalhadores alemães foram poupados e 400 mil empregos preservados no país.

Entre os acordos possíveis a partir deste sistema, patrões e empregados podem acertar uma redução das horas de trabalho. O salário cai na mesma proporção, porém o trabalhador pode receber até 70% da parte que perdeu em contribuições feitas pelo governo.

A origem do Kurzarbeit remonta aos tempos anteriores da Segunda Guerra Mundial, mas o modelo também foi usado logo após a queda do Muro de Berlim e a Reunificação, quando 1,6 milhões de pessoas da antiga Alemanha Oriental foram beneficiadas através do Kurzarbeit.

Alerta da OIT

Recentemente, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) advertiu sobre a destruição de 25 milhões de empregos em todo o mundo caso os governos demorem a proteger os trabalhadores frente o impacto da pandemia do novo coronavírus.

Entre as medidas solicitadas pela organização estão a extensão da proteção social e apoio à retenção de empregos por meio de jornada reduzida ou licença remunerada, além de benefícios financeiros e fiscais, inclusive para micro, pequenas e médias empresas.

A perda de renda com a crise decorrente da pandemia pode chegar a US$ 3,4 trilhões, com impacto direto no consumo e empresas. Em comparação com a crise econômica de 2008, quando a perda de renda se aproximou dos US$ 3,3 trilhões e o desemprego global atingiu cerca de 22 milhões de pessoas.

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