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Estudo de Harvard alerta Brasil que faltarão UTIs no país já neste mês

Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde - Luciana Amaral/UOL
Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde Imagem: Luciana Amaral/UOL
do UOL

Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio

01/04/2020 23h34Atualizada em 02/04/2020 11h16

Resumo da notícia

  • Estudo foi pedido pelo Ministério da Saúde brasileiro para avaliar impactos no sistema público
  • Autores sugerem que o governo federal tome o controle de hospitais privados
  • Mandetta disse hoje que regularização de equipamentos é "grande preocupação"

O Brasil terá falta de UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo), leitos e ventiladores mecânicos nas principais capitais já neste mês de abril por conta da epidemia de covid-19, causada pelo novo coronavírus. A conclusão é de um estudo feito por especialistas de Harvard a pedido do Ministério da Saúde brasileiro, informou o secretário de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira.

A pesquisa sugere que o governo federal tome o controle dos hospitais privados para minimizar os problemas de atendidos.

Durante entrevista coletiva hoje, Oliveira confirmou que a análise foi encomendada para analisar os impactos do coronavírus no sistema de saúde brasileiro e que foram considerados diversos cenários de propagação da pandemia pelo Brasil. Ele disse que não sabia que o estudo seria publicado.

Os autores concluem que o país terá problemas com os equipamentos mais críticos para tratamento da doença já neste mês. Eles detalham inclusive previsões de data para que isso ocorra nas cidades em diferentes cenários de propagação da doença.

Em todos elas, é estimado que nove capitais —São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Brasília, Fortaleza e Manaus— terão problemas com leitos, unidades intensivas e ventiladores mecânicos.

"Nossos cenários simulados mostram que os serviços de hospitais podem experimentar falta de leitos, unidades intensivas e ventiladores para as macrorregiões tão cedo quanto abril", diz o texto, em que é ressaltado que o caso mais problemático será o das unidades de tratamento intensivo.

O estudo de Harvard também indica que a oferta de leitos e unidades intensivas pelo SUS é desigual entre as regiões. E ressalta que, para retardar a falta de equipamentos, tem de haver compartilhamento nas áreas públicas e privadas: "Uma alternativa para aliviar isso temporariamente é colocar todos os hospitais privados no controle do Estado, como adotado pela Espanha".

Pela descrição do documento, a epidemia deve exacerbar as desigualdades "se os que confiam só no SUS forem atingidos mais fortemente".

Há uma preocupação manifestada com a dificuldade de executar o isolamento social em comunidades mais carentes por causa das características das moradias e da proximidade entre as pessoas. A avaliação do estudo é de que, nestas condições, a transmissão, pode ser mais rápida.

Apesar dos problemas apontados, o estudo conclui que o Brasil tem uma posição única para enfrentar a covid-19 por ter um sistema único de saúde e poder aprender com erros e sucessos de outros países. Mas ressalta que, para isso, entre outros fatores, o combate à epidemia "requer uma mensagem unida das lideranças do país em vários níveis: federal, estadual e municipal".

Falta de equipamentos preocupa Mandetta

A regularização de estoque de equipamentos, em especial os de proteção individual, foi elencada como uma "grande preocupação" hoje pelo Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. "Agora é lutar com as armas que a gente tem", afirmou.

Ele elencou a dificuldade para a compra de materiais por conta de contratos que não estão sendo cumpridos. "Nós estávamos com eles comprados. Entregaram a primeira parte. Na segunda parte, mesmo com eles contratados, assinados, com o dinheiro para pagar, quem ganhou falou 'eu não tenho mais os respiradores, não consigo te entregar'", diz.

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