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Associação de Jornais diz que Mandetta é 'injusto' ao criticar imprensa

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
do UOL

Do UOL, em São Paulo

28/03/2020 19h47

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou hoje uma carta aberta rebatendo o Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Em coletiva na tarde de hoje, em Brasília, Mandetta chamou a imprensa de "tóxica" e disse que as notícias trazem "mais estresse à população".

"Desliguem um pouco a televisão. Às vezes ela é tóxica demais. Há quantidade de informações e, às vezes, os meios de comunicação são sórdidos porque eles só vendem se a matéria for ruim. Nunca vai ter que as pessoas estão sorrindo na rua. Senão, ninguém compra o jornal", afirmou. "Todo mundo tem que se preparar, inclusive a imprensa. Se não for assim, vai trazer mais estresse à população"

Assinado pelo presidente da ANJ, Marcelo Rech, o texto "lamenta a injusta e equivocada referência aos jornais brasileiros" durante a entrevista e diz que a afirmação de Mandetta "desconsiderou a dedicação de toda a imprensa em levar orientações e informações corretas, combatendo as desinformações, muitas vezes em cooperação estreita com o Ministério da Saúde".

Rech compara o trabalho dos jornalistas ao trabalho dos médicos e diz que, "nestes tempos de calamidade", as duas profissões "se colocam na linha de frente" para superar a pandemia.

A ANJ destaca os impactos da crise do coronavírus sobre a imprensa e os jornalistas e reforça o papel da imprensa. "Temos uma missão e responsabilidade a cumprir, e assim seguiremos no apoio a todos os profissionais da saúde e todos os esforços para, juntos, derrotarmos o vírus", conclui o texto.

Leia a carta completa:

"Prezado ministro Mandetta, não nos conhecemos pessoalmente, mas, como presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), venho lamentar a injusta e equivocada referência aos jornais brasileiros expressa na sua entrevista coletiva deste sábado, 28 de março.

Jornais, como médicos, não são imunes a erros. Mas, assim como os médicos, não vivemos de equívocos e nem de notícias ruins, como vossa excelência mencionou em sua fala, que desconsiderou a dedicação de toda a imprensa em levar orientações e informações corretas, combatendo as desinformações, muitas vezes em cooperação estreita com o Ministério da Saúde.

Ao contrário de sua fala, se em tempos normais a imprensa cumpre um papel de certificadora da realidade, nestes tempos de calamidade ela, como a medicina e os médicos, se coloca ainda mais na linha de frente para colaborar com os esforços individuais e coletivos na superação deste difícil momento.

A título de esclarecimento, tomo a liberdade de observar que, assim como um eventual equívoco de diagnóstico de um médico não pode ser atribuído à "medicina", o mesmo ocorre com os jornais, o jornalismo e a imprensa.

Os jornais, a imprensa e os jornalistas também estão sofrendo as terríveis consequências humanas e econômicas desta calamidade mundial. No entanto, como os médicos e a medicina, temos uma missão e responsabilidade a cumprir, e assim seguiremos no apoio a todos os profissionais da saúde e todos os esforços para, juntos, derrotarmos o vírus.

Atenciosamente
Marcelo Rech
Presidente da ANJ"

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