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Covid-19: Prefeitura acusa Prevent de esconder exame de médica que morreu

Vincent Bosson/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Imagem: Vincent Bosson/Fotoarena/Estadão Conteúdo
do UOL

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

27/03/2020 18h51

Uma semana após a morte de uma médica no Hospital Sancta Maggiore em São Paulo, administrado pela rede Prevent Senior, as autoridades estaduais e municipais afirmam que ainda não foram informadas do resultado dos exames feitos para avaliar se ela foi vítima de covid-19, doença causa por coronavírus.

A profissional, cuja identidade não foi revelada, não trabalhava no hospital em que morreu e estava lá como paciente, internada desde 23 de fevereiro para tratar de um problema cardíaco.

Mas as autoridades querem saber se ela foi acometida pela covid-19 — o que poderia revelar, entre diversas hipóteses, circulação do vírus no país antes do que se estima (o primeiro caso é de 26 de fevereiro), ou ainda que a médica poderia ter se contaminado durante a internação.

O secretário de saúde municipal afirma que, até onde se sabe, a médica não havia tratado de nenhum paciente na condição de suspeita de covid-19. Durante a internação, as condições respiratórias se deterioram e ocorreu a morte.

Ao UOL, o secretário municipal de Saúde da capital, Edson Aparecido, afirmou que o resultado do exame para verificar se ela havia sido infectada pelo novo coronavírus estava previsto para esta semana, mas disse que a rede está escondendo o dado — tese que a Prevent Senior refuta.

"Todos os casos suspeitos e confirmados e, igualmente, os óbitos de pacientes foram informados à Secretaria de Estado da Saúde por meio de plataforma digital disponibilizada pelo Governo de São Paulo para este fim", informa trecho da nota enviada pela empresa.

A reportagem também tenta, há uma semana, saber da Prevent Senior sobre o resultado do exame da médica em questão.

Outras sanções

O secretário de saúde afirmou que as secretarias de saúde do município e do Estado estudam tomar medidas em relação à rede Prevent Senior.

Semana passada, uma fiscalização conjunta de estado e município identificou superlotação, problemas no encaminhamento de pacientes e falta de funcionários na rede. A empresa nega que haja problemas.

Especializada no atendimento de idosos — um dos grupos de risco da covid-19 —, hospitais da Prevent Senior foram os primeiros a reportar mortos pela doença no Brasil.

O relato do secretário sobre a rede foi confirmado por autoridades estaduais de saúde consultadas pelo UOL, incluindo uma que compõe o Centro de Contingência do Coronavírus. Também foi apurado que ocorreram 36 mortes nos hospitais que a Prevent Senior administra.

Aparecido disse que a subnotificação é um problema grave porque impede conhecer o tamanho do avanço da covid-19, o que é essencial para a tomada de decisões por parte das autoridades de saúde.

A rede Prevent Senior discorda que exista subnotificação. Acrescentou que as informações repassadas, que consideram falsas, não contribuem com a situação.

"A empresa lamenta que pessoas alimentem a imprensa com informações falsas como as repassadas à reportagem do UOL. Tal comportamento cria ruídos que atrapalham o trabalho sério e competente dos 10 mil funcionários da empresa que estão, diuturnamente, trabalhando na linha de frente para garantir o atendimento não apenas das vítimas do coronavírus, mas de todos os 470 mil beneficiários da Prevent", informa a nota enviada ao UOL.

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