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Por coronavírus, organização beneficente Caritas fica sem moedas da Fontana di Trevi

Fontana di Trevi, em Roma, completamente esvaziada após quarentena no país - Alberto Lingria/Reuters
Fontana di Trevi, em Roma, completamente esvaziada após quarentena no país Imagem: Alberto Lingria/Reuters

Michela Suglia

Em Roma

27/03/2020 12h41

A pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) começa a ter efeitos colaterais inesperados em Roma: as arrecadações das moedas jogadas por turistas na "Fontana di Trevi", que são direcionadas para a organização beneficente Caritas, pararam em cerca de 190 mil euros, cerca de R$ 1 milhão.

Isso porque os turistas e moradores estão impedidos de visitar o ponto turístico por conta do isolamento obrigatório vigente em toda a nação desde o dia 10 de março.

O dinheiro é usado para ajudar famílias em dificuldades econômicas, moradores de rua e migrantes atendidos pela entidade católica na capital italiana. No ano passado, o gesto de jogar alguns centavos de euro na famosa fonte gerou um total de 1,4 milhão de euros (R$ 7,9 milhões) para a Caritas.

"A nossa situação não é alarmante. Neste momento, há tantos outros dramas piores. Mas, esse é um efeito imediato. Por enquanto, estamos resistindo, compensando com um recolhimento de fundos que lançamos", diz o diretor da Caritas Roma, dom Benoni Ambarus.

Desde 2005, a Prefeitura de Roma dá à Conferência Episcopal, que gerencia a entidade, o dinheiro equivalente às moedas jogadas no local. No último recolhimento, no início de março, foram arrecadados cerca de mil euros. Em geral, essa retirada das moedas coincide com a limpeza da fonte, que é feita de duas a quatro vezes por semana.

A Caritas usa o fundo para projetos independentes e não garantidos por financiamentos institucionais. Por exemplo, financia cinco "empórios da solidariedade": supermercados de Roma que permitem a cerca de duas mil famílias, escolhidas entre as mais necessitadas, fazer compras do mês de maneira gratuita. Nos últimos três anos, sustenta ainda o centro de acolhimento de Ostia, o único da região e que oferece 60 leitos e 180 refeições por dia. Além disso, o valor ajuda a pagar o repatriamento de falecidos (a maioria migrantes), os funerais de quem não tem condições de pagar ou contas básicas de casas que estão sendo habitadas pelos mais necessitados.

"Todo esse a mais que oferecemos, está suspenso por enquanto", admite o religioso, que diz estão sendo buscadas alternativas.

Em particular, com a ajuda através de campanhas de arrecadação, para garantir que os dormitórios da Caritas estejam protegidos e disponíveis por 24 horas. Há também o projeto de criar um novo centro de acolhimento para 90 pessoas.

"A nossa esperança é que a Fontana di Trevi recomece a encher novamente porque isso seria um sinal de normalidade, de retorno à vida", conclui o diretor.

Até ontem, a Itália registrava 80.589 casos do novo coronavírus e 8.215 mortes por todo o território.

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