Papa concede indulgência plenária por pandemia de coronavírus
Cidade do Vaticano, 27 Mar 2020 (AFP) - Pela primeira vez na história milenar da Igreja católica, o papa rezou nesta sexta-feira (27) sozinho diante da imensa praça vazia de São Pedro e deu a bênção e a indulgência plenária ao mundo, convidando a todos a "remar juntos" contra a pandemia de coronavírus.
Em uma tarde chuvosa e acompanhado pelo toque dos sinos e pela sirene das ambulâncias, o papa fez um gesto histórico ao transmitir a bênção e a indulgência plenária ao mundo inteiro pela terrível pandemia.
"Senhor, não nos abandone", suplicou o papa ao mencionar uma "tormenta inesperada e furiosa", de "uma tempestade que desmascara nossa vulnerabilidade e deixa descobertas essas falsas e supérfluas seguranças", disse.
Durante o ritual inédito, que incluiu a bênção "Urbi et Orbi" (à cidade e ao mundo) a todos os fiéis e foi transmitido pela televisão, internet e rádio às 18h00 hora de Roma, 17h00 GMT (14h00 no horário de Brasília), o papa pediu a todos para "remarem juntos".
"Estamos todos no mesmo barco e somos chamados a remar juntos", disse ao convidar todos para "reviver a solidariedade, capaz de dar sentido nessas horas que tudo parece naufragar", enfatizou.
A bênção mundial permitiu que mais de 1,3 bilhão de católicos obtenham a indulgência plenária, ou seja, o perdão de seus pecados, em um momento tão difícil, com medidas de confinamento que afetam mais de 3 bilhões de pessoas.
A bênção extraordinária Urbi et Orbi é a mesma que os pontífices costumam transmitir apenas em 25 de dezembro e no domingo de Páscoa, datas em que se lembra o nascimento e a morte de Jesus.
A imagem do chefe da Igreja católica orando sozinho diante da imensa esplanada pelo fim da guerra contra um inimigo invisível é quase cinematográfica.
- Um evento extraordinário -"Trata-se de um evento extraordinário presidido pelo papa, em um momento específico, quando o mundo cai de joelhos pela pandemia. Um momento de graça extraordinária que nos dá a oportunidade de viver esse tempo de sofrimento e medo com fé e esperança", explicou o Vaticano em uma nota.
Como fez em diversas ocasiões desde que começou a epidemia do coronavírus na Europa há cinco semanas, que atinge principalmente a Itália e a Espanha, o papa Francisco elogiou o sacrifício de "tantos que compreenderam que ninguém se salva sozinho".
Francisco enumerou entre eles os "médicos, enfermeiros e enfermeiras, estoquistas, funcionários da limpeza, cuidadoras, motoristas, forças de segurança, voluntários, sacerdotes, religiosos e tantos outros", disse.
É o momento "para escolher entre o que conta verdadeiramente e o que deve ser deixado de lado, para separar o que é necessário do que não é", ressaltou.
A bênção papal do átrio de São Pedro foi especialmente seguida na América Latina, o continente onde reside o maior número de católicos e terra do pontífice Francisco, nascido na Argentina.
Francisco, que teve que limitar suas ações e agenda para evitar possíveis contágios, se prepara para celebrar a primeira Semana Santa da era moderna, sem fiéis nem procissões.
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