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"Solução não será através da anistia", diz presidente da OAB-CE sobre motim

Viaturas da Polícia Militar do Ceará em frente a batalhão durante greve de policiais em Fortaleza - Reprodução
Viaturas da Polícia Militar do Ceará em frente a batalhão durante greve de policiais em Fortaleza Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, em São Paulo

28/02/2020 10h02

No momento em que o motim de policiais militares do Ceará completa 10 dias, o presidente da OAB-CE, José Erinaldo Dantas Filho, disse que a principal reivindicação da categoria não deverá ser atendida.

Em entrevista à Jovem Pan concedida na manhã de hoje, Dantas afirmou que o posicionamento do governo em relação à anistia não mudou.

"Penso que a solução não será através da anistia. Esse é o grande ponto que tem que ser esclarecido aos policiais. O Estado não quer fazer nenhum tipo de perseguição, não quer fazer demissão em massa, não quer prejudicá-los, mas entende que hoje a sociedade não concorda com a anistia. A saída pela anistia geral e irrestrita no Ceará, não acredito que vá acontecer. Esse é o posicionamento do governo em todas as mesas de negociação", falou ao veículo.

Para o presidente da OAB-CE, há duas formas de controlar a insatisfação e paralisação dos PMs. "A gente tem que encontrar uma alternativa e sensibilizá-los, para que saiam com garantias que não vão ser perseguidos ou injustiçados. Podemos resolver através do diálogo ou da força. Através da força, penso que é a pior alternativa possível".

Dantas, que visitou o quartel dos amotinados nos últimos dias, deu detalhes sobre o que presenciou no local.

"Quando cheguei ao quartel, [eles] não estavam com capuz ou armas em punho. O que me surpreendeu foi a quantidade de mulheres e crianças. As mulheres e as famílias invadiram o batalhão, então se houver tentativa de força para tirá-los de lá, pode acontecer uma tragédia. O melhor caminho é o do diálogo, do convencimento da importância de que eles voltem às atividades e não haja mais prejuízo a população", explicou à Jovem Pan.

Apesar de não acreditar em uma anistia, Dantas revelou acreditar que as solicitações dos PMs são "justas".

"Quando fomos sentar com grevistas eles apresentaram uma pauta de vários itens, e o governo reconheceu a legitimidade de muitos deles, e está disposto a conversar. As reivindicações são justas, mas até que a gente consiga um tempo para que isso seja complementado, a população vai sofrer com isso. A gente tem conversado sobre uma pauta mínima, para que os policiais possam voltar a trabalhar e trazer a segurança de volta para ruas".

Dados parados

A Secretaria de Segurança Pública do Ceará deixou de atualizar os dados de homicídios ocorridos no estado. A paralisação dos policiais começou na terça-feira da semana passada, e até o último dado atualizado, no dia 25, os homicídios já somavam 195 (entre 19 e 24).

O boletim diário, que é disponibilizado no site da secretaria, foi atualizado pela última vez com dados apenas até o dia 19. A partir dali, houve apenas a informação de dados diretamente pela assessoria da SSPDS.

Questionado pelo UOL, a pasta informou que "divulgou notas com o balanço diário de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), de forma extraordinária, até o dia 25 de fevereiro".

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