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Premiê pede calma para conter violência que já deixou 27 mortos na Índia

26/02/2020 14h12

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, pediu nesta quarta-feira calma diante da nova onda violência intercomunitária que deixou ao menos 27 mortos em Nova Dhéli. Estes são os piores confrontos entre hindus e muçulmanos na capital indiana em décadas.

Lojas incendiadas, bandeira hindu içada em mesquita, Corão queimado: estes são apenas alguns dos sinais do nível de violência do conflito que voltou às ruas de Nova Dhéli no último domingo (23). Armados com pedras, espadas e até pistolas, os manifestantes semeiam há quatro dias terror nos bairros populares do nordeste da megalópole indiana.

"Peço a meus irmãos e irmãs de Nova Dhéli para manter a paz e a fraternidade. É importante que a calma e a normalidade sejam restabelecidas o mais rápido possível", tuítou o líder nacionalista hindu.

Guerra interreligiosa

As novas manifestações entre os partidários e os opositores da polêmica lei da cidadania se transformou em batalha campal entre hindus e muçulmanos. O texto, apresentado em dezembro de 2019 pelo governo é julgado discriminatório contra os muçulmanos e desde então vem provocando protestos no país.

Os inúmeros incidentes relatados pela imprensa indiana apontam que grupos armados hindus atacaram lugares e pessoas identificadas como muçulmanos, aos gritos de "Jai Shri Ram" (Louvado seja o deus Ram).

Além dos 27 mortos, dois hospitais do nordeste da capital informaram que a violência também fez mais de 200 feridos. Muitos pacientes foram baleados, salientaram as fontes hospitalares.

As autoridades indianas mobilizaram o batalhão de choque para conter os confrontos. Ao menos 106 pessoas foram detidas e nenhum incidente grave foi registrado nesta quarta-feira. Durante o dia, os policiais pediram aos moradores para não sair de casa. Os bombeiros entraram em ação para apagar as chamas nas lojas incendidas na noite anterior.

Alerta paquistanês

Preocupado com a situação "alarmante", o ministro responsável por Dhéli, Arvind Kejriwal, pediu que o governo de Narendra Modi decrete um toque de recolher nos bairros atingidos e mobilize o exército.

Já o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, julgou hoje que os confrontos são resultado de "uma ideologia racista, fundada no ódio". O dirigente do país vizinho da Índia de maioria muçulmana, alertou seus cidadãos para qualquer represália contra a minoria hindu no Paquistão

A contestada nova lei da cidadania facilita a obtenção da nacionalidade indiana a refugiados, com a condição de que não sejam muçulmanos. O texto cristalizou o medo da minoria muçulmana de se ver transformada em "cidadãos de segunda categoria". Na Índia, os hindus representam 80% da população.

A lei provocou as mais importantes manifestações no país desde a chegada de Modi ao poder em 2014. O líder nacionalista hindu foi reeleito no ano passado por ampla maioria.

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