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Familiares de pacientes assumem limpeza de hospitais sem verba no Amapá

Entulho acumulado em corredor de hospital em Macapá - Divulgação
Entulho acumulado em corredor de hospital em Macapá Imagem: Divulgação
do UOL

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Ponta Grossa (PR)

24/02/2020 19h43

Pacientes e acompanhantes de internados no Hospital de Emergências (HE) e no Hospital de Clínicas Alberto Lima (HCAL), em Macapá, fazem a limpeza de enfermarias e banheiros desde o início de fevereiro. A empresa terceirizada que presta o serviço paralisou as atividades em razão de débitos que se acumulam desde 2019, informou a Secretaria de Estado da Saúde, responsável pela gestão das duas unidades.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra acompanhantes recolhendo por conta própria o lixo gerado pelo fornecimento da alimentação entregue aos pacientes.

O registro, de 20 de fevereiro, é feito no corredor do HE, o único público para esse tipo de atendimento em Macapá.

A Secretaria de Saúde não deu prazo para o retorno da limpeza e higienização dos hospitais, informando "está em tratativa com as empresas para a normalização dos serviços".

Em outro vídeo que o UOL teve acesso, gravado nesta segunda-feira, um dos banheiros do Hospital de Clínicas tem papel higiênico pelo chão e o piso com sujeira. Dentro do banheiro ainda é possível ver parados os carrinhos de limpeza que eram usados pelas empresas terceirizadas.

Fotos flagram cupins na parede, macas em locais aparentemente sujos e entulhos pelos corredores.

Para amenizar o problema, acompanhantes de pessoas internadas se revezam nas enfermarias, com cada um levando de casa um item de higiene.

"Em fevereiro, a limpeza deixou de ser realizada e esse serviço é feito nas enfermarias e banheiros por acompanhantes e pacientes que dão conta. Além disso, compramos os detergentes, águas sanitárias, vassouras, panos e rodos. Eles [empresas] pararam tudo. É um estado de calamidade", disse Richely Matos, de 26 anos.

A irmã dela, Riely Matos, de 25, está desde novembro aguardando cirurgia neurológica em razão de um aneurisma cerebral.

Outro acompanhante, que preferiu não se identificar, informou que os familiares dos pacientes se dividem para cuidar dos doentes internados e da limpeza diária para não piorar o estado clínico deles.

"A gente é praticamente obrigado a limpar porque, se não fizermos isso, é possível que os pacientes piorem o quadro de saúde, então ficamos sem alternativas. Não podemos deixar nosso familiar ficar no hospital pior do que entrou por falta de uma limpeza", desabafou.

Secretaria promete resolver problema

A Secretaria de Saúde do Amapá, responsável pelos dois hospitais, informou que na última sexta-feira pagou o mês de janeiro para as empresas que prestam o serviço de limpeza e higienização nos hospitais, restando os débitos de 2019.

O UOL apurou que faltam ser pagos os salários de novembro e dezembro do último ano. A pasta justifica que ainda não pagou a dívida de 2019, que atinge duas empresas, porque mudou o sistema eletrônico de pagamento na virada do exercício. Ainda não tem uma data para a quitação do débito.

"Com relação ao débito do ano de 2019 (restos a pagar), atualmente acontece o processo de migração do antigo sistema para o novo sistema de pagamento. Assim que finalizado, a secretaria irá efetuar os repasses de acordo com cronograma financeiro e orçamentário", explicou em nota.

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