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Legislativas no Irã: votação é prorrogada várias vezes

21/02/2020 18h30

O horário de votação foi prorrogado até as 20:30 (GTM), meia noite no horário local, devido ao grande número de retardatários que compareceram às urnas a partir do final da tarde. A eleição no Irã, que estava originalmente programada para terminar às 18:00 (14:30 GMT), foi estendida pelo menos cinco vezes para permitir a participação máxima. Os iranianos votaram nesta sexta-feira (21) para eleger seus deputados.

O líder supremo, Ali Khamenei, e o presidente, Hassan Rohani, votaram pela manhã, assim que as urnas foram abertas. Uma forma de incentivar a população a se deslocar aos locais de votação, já que a taxa de participação esperada era muito baixa: 25% em Teerã e 50% em todo o país, segundo institutos de pesquisas iranianos.

O aiatolá Khamenei fez um apelo aos cerca de 58 milhões de eleitores que participassem "entusiasticamente" das eleições, a fim de "garantir o interesse nacional". Segundo a agência Fars, a participação era de cerca de 40% às 18h em todo o país.

A expectativa de baixa participação justifica-se pelo fato de os iranianos se sentirem desconectados da classe política e pela invalidação de boa parte das candidaturas reformistas, o que decepcionou muitos eleitores. O Ministério do Interior deverá anunciará a taxa de participação no pleito neste sábado (22) e os resultados finais são esperados até domingo.

Ao depositar seu voto na urna, Sayyed Mohammad Hosseini, ex-ministro da Cultura do presidente conservador Ahmadinejad falou sobre a importância do pleito. "Hoje é um dia importante para mim, mas também para o povo iraniano", disse. "Também é um dia importante para outros países que estão monitorando de perto essas eleições, para ver como os iranianos estão participando. Nosso povo tem problemas, mas isso não os torna indiferentes ao sistema, aos interesses do país e aos interesses internacionais", completou.

Já o deputado reformista Elias Hazrati destacou a situação de tensão enfrentada no país. "Estamos em um forte conflito com os Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita, motivo pelo qual deixamos de lado assuntos pessoais e brigas entre as partes", afirmou o candidato que, como muitos outros, teve a candidatura invalidada pela comissão eleitoral. "É por isso que participamos das eleições, apesar de nossas queixas e críticas. Publicamos um comunicado à imprensa convidando as pessoas a votarem e nós mesmos estamos aqui hoje para mostrar que estamos participando," acrescentou.

Mahdieh, um jovem estudante de 20 anos, votava pela primeira vez. "É importante para mim porque, ao votar, estou ajudando a fazer desaparecer a corrupção no país e bons homens se tornarão nossos políticos", afirmou.

Já Ahmid Bahador Marzpour, um estudante de Teerã que não votou, disse que "não há emprego para os jovens no país" e acusou os políticos de "fazerem promessas que não se cumprem".

Os conservadores eram favoritos ao final da votação. As eleições no Irã ocorreram dois dias após o anúncio oficial da chegada do novo coronavírus ao país. A doença matou quatro pessoas e 14 estão infectadas, de acordo com os últimos dados oficiais divulgados durante a votação.

Com informações da enviada especial da RFI, Oriane Verdier

 

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