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Carnaval na Bolsa: ações de empresas de lazer e turismo que podem render

do UOL

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

21/02/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Analistas apontam cenário positivo para maior parte de empresas que estão relacionadas com a folia
  • Locadoras de veículos são as preferidas do mercado, mas aéreas também estão no radar
  • Fabricante de cerveja e operadora de viagens atravessam fase de cautela

O Carnaval vai movimentar cerca de R$ 8 bilhões na economia brasileira este ano, segundo estudo da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), com incremento de vendas das empresas de entretenimento e viagens. Segundo analistas, a folia este ano vai reforçar, na Bolsa, o cenário que já é positivo para as ações da maioria das companhias desses setores.

A lista de recomendações dos profissionais de mercado para uma hipotética carteira de ações do Carnaval destaca como bons negócios o investimento nas locadoras de veículos, como Localiza, Unidas e Movida, seguidas pelas companhias aéreas Gol e Azul, também elogiadas. Já a fabricante de bebidas Ambev e a operadora de viagens CVC são opções que o aplicador deve observar com mais cuidado.

Locadoras na comissão de frente

"Nós gostamos do setor inteiro", disse a analista da XP Investimentos, Bruna Pezzin, sobre as locadoras de automóveis negociadas em Bolsa: Localiza (RENT3), Unidas (LCAM3) e Movida (MOVI3). Segundo ela, todos os canais das locadoras de veículos estão ganhando mais vendas.

No universo das pessoas físicas, tem mais gente optando pelo carro alugado em vez de comprar o bem. Essa tendência está sendo incrementada por inovações que facilitam o processo de locação, como por exemplo, o uso de aplicativos. Em feriados prolongados e datas festivas, caso do Carnaval, essa demanda cresce em até 20%, segundo as companhias.

Além disso, há outros tipos de demanda também estão movimentando a locação de veículos, como motoristas de Uber e 99. Segundo a associação das locadoras, um em cada quatro profissionais desses aplicativos aluga o veículo em que trabalha.

Na outra ponta, a dos gastos, a queda da taxa básica de juros para o menor patamar na história, reduz os custos dessas locadoras, que precisam investir bilhões de reais todos os anos na renovação e ampliação de frota. Vendendo mais e gastando menos, a margem de lucro do setor cresce.

As ações dessas empresas têm subido na Bolsa. Nos últimos 12 meses, por exemplo, as valorizações acumuladas pelos papéis de Localiza, Unidas e Movida são de respectivamente, 62%, 75% e 92%.

Mesmo assim, analistas dizem que esses papéis ainda podem subir. A maior parte dos profissionais que acompanham esses papéis tem recomendação de compra para essas ações.

Só dólar pode afetar desfile das aéreas

O Carnaval também é um dos períodos do ano em que as companhias aéreas lotam voos e até ampliam a malha para atender destinos mais procurados pelos foliões. Segundo a Infraero, apenas entre os dias 21 e 27 de fevereiro, cerca de 1,4 milhão de passageiros vai passar pelos terminais da concessionária, cerca de 3% mais que no Carnaval de 2019.

"Essas empresas estão crescendo, mas com um controle de custos, o que é bom para o resultado líquido", afirma o estrategista da Genial Investimentos, Filipe Villegas.

Segundo ele, a saída da Avianca do mercado, ano passado, abriu espaço para Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) conquistarem mais clientes e até reajustar o preço médio do bilhete. "Isso pode ser ruim para o consumidor, mas para o acionista significa margem de lucro maior", afirma o profissional. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o preço médio do bilhete já subiu 8% em 2019.

Ele diz que o setor ainda pode ser beneficiado este ano por fatores pontuais, como uma redução dos impostos sobre os combustíveis, tema que vem sendo discutido em Brasília.

O único risco para as empresas de aviação é o câmbio, destacam os analistas. Isso porque o dólar afeta diretamente mais de 30% dos custos operacionais de uma companhia aérea porque o combustível é cotado em dólar. Além disso, a maior parte das dívidas do setor é em moeda estrangeira porque esse é o padrão em contratos de leasing e financiamento das aeronaves, motores e peças. "Câmbio e petróleo são imponderáveis que podem afetar custos e reduzir margens", afirmou Villegas.

Fabricante de cerveja contra volatilidade

Os analistas destacam ainda entre as ações de empresas que estão relacionadas ao Carnaval a fabricante de bebidas Ambev (ABEV3), maior do mundo em produção de cerveja, e a número um entre as operadoras de viagens da América Latina, a CVC (CVCB3). Embora cada uma seja líder no seu quadrado, ambas passam por um momento de provação.

"Gosto de Ambev, mas ela vem sendo desafiada no Brasil", disse o estrategista da Genial sobre a Ambev. O mercado vem acompanhando de perto o desempenho da Heineken no Brasil, que tem tirado nacos da mesa da Ambev. Tanto que nos últimos doze meses, a ação da companhia perdeu valor: variação negativa de 11%.

Dos 16 analistas que acompanham regularmente essas ações, três recomendam compra do papel, dois sugerem a venda, enquanto 11 preferem uma postura neutra - esperar um pouco mais.

Isso porque a Ambev continua dona de 59,4% do mercado de cerveja - eram 61,7% um ano antes. "E a empresa é uma boa pagadora de dividendos. Funciona sempre como um porto seguro em tempos de volatilidade", afirma o estrategista da Genial.

Agência de viagens na repescagem

Já a CVC foi questionada ano passado porque não teria sido transparente sobre o real impacto que sofreu com o fechamento da Avianca. O fim da companhia aérea levou vários clientes da agência a reclamarem direitos de pacotes não entregues.

Os custos da CVC cresceram, em R$ 45,4 milhões, e a empresa teve um aperto nas margens de lucro. Além disso, a empresa ainda pode sofrer com o dólar, se a moeda americana mais cara afetar as viagens ao exterior, segmento de negócio que apresenta os maiores tíquetes médios para a companhia.

Essa situação teve reflexos na Bolsa. Nos últimos 12 meses, a ação do grupo perdeu cerca de 47,5% do valor. "A empresa tem sofrido com a comunicação. A gente espera que nos próximos balanços a empresa seja mais transparente" disse Villegas.

De seis analistas que acompanham a ação da CVC, três deles recomendam a compra do papel, dois sugerem a venda e um tem posição neutra.

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