Ceará: senadores se reúnem com governador para mediar diálogo com policiais
Resumo da notícia
- Parlamentares se dispuseram a intermediar negociação com amotinados
- Policiais da Força Nacional desembarcaram no Estado na manhã de hoje
- Bolsonaro classificou situação como "guerra urbana" e afirma que agora "o bicho vai pegar"
Um grupo de cinco senadores reuniu-se hoje com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), no Palácio da Abolição, em Fortaleza, para debater saídas para a crise de segurança pública no estado. O encontro durou duas horas e meia.
Participaram os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Prisco Bezerra (PDT-CE), Eduardo Girão (Podemos-CE), Major Olímpio (PSL-SP), e Elmano Férrer (Podemos-PI), além do diretor da Federação Nacional de Militares Estaduais, Coronel Elias Miler.
Nenhum dos participantes deu declarações à imprensa sobre o teor do encontro, cujo tema central, de acordo com informações apuradas pelo UOL, foi a participação dos senadores na intermediação das negociações com os policiais militares amotinados.
Antes da conversa com Santana, Olímpio, Girão, Férrer e Miler já haviam se reunido no escritório de Jereissati em Fortaleza.
Em vídeo publicado antes do encontro em suas redes sociais, Girão informou que o grupo de parlamentares havia se dirigido ao estado para debater "articular uma saída" para a crise.
Um dia depois de o senador Cid Gomes (PDT) ter sido atingido por dois tiros ao tentar furar o bloqueio formado por policiais amotinados em Sobral, Girão defendeu "uma solução pacífica, urgente e duradoura, através do diálogo, superando esse impasse, em vista de garantir o bem-estar e a segurança da população cearense".
Pouco antes do encontro, Girão afirmou na publicação que a reunião com Santana visava buscar "a reabertura das negociações com os policiais militares para, em seguida, conversar com a categoria".
Também por suas redes sociais, Major Olímpio disse que está no Ceará para "abrir um canal de diálogo dos policiais e bombeiros militares com o governo para pacificar o local". "É necessário evitar uma situação que pode virar uma grande tragédia."
Os demais participantes da reunião não se manifestaram até o final da noite.
Força Nacional desembarca no Estado
Após solicitação do governo do estado, 120 policiais da Força Nacional desembarcaram na manhã de hoje em Fortaleza. Também chegaram à capital do Ceará 17 viaturas, e há previsão de que outros 15 veículos oficiais vindos de Brasília cheguem nas próximas horas. As informações foram divulgadas pela SSPDS (Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará).
Após o desembarque, o secretário da SSPDS, André Costa, se reuniu com os militares. O encontro teve participação do coronel comandante-geral da Polícia Militar do Ceará Alexandre Ávila e do coordenador-geral das operações da Força Nacional, tenente-coronel Wilson Melo.
"No total, serão 212 policiais rodoviários federais e em torno de 300 policiais da Força Nacional", afirmou em nota o secretário André Costa.
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou um decreto para liberar o uso das Forças Armadas de 21 a 28 de fevereiro para tentar conter a crise de segurança pública no Ceará. A pedido do governador, Bolsonaro autorizou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no estado.
Ao anunciar que havia assinado o documento, Bolsonaro aproveitou para fazer pedir que o Congresso aprove o excludente de ilicitude para que os militares — que estarão com poder de polícia — não possam ser punidos.
"O bicho vai pegar", diz presidente
Em sua transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro disse hoje que a situação no Ceará é de uma "guerra urbana" e que, com a chegada da Força Nacional no estado, "o bicho vai pegar".
"Se é para tratar com flor essa galera, não fiquem enchendo nosso saco e vão pedir para outras instituições para cumprir esta missão", disse o presidente no vídeo.
Na mesma transmissão, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, criticou a atitude do senador Cid Gomes, baleado após tentar furar um protesto policial com uma retroescavadeira. Para Onyx, o ato foi irresponsável e colocou em risco a vida de muitas pessoas.
"Isso aí é de uma irresponsabilidade, um desequilíbrio. Um ato que colocou em risco a vida de muitas e muitas pessoas. E é evidente que, quando tu tens sua vida em risco, tu tens o direito à legítima defesa", disse o ministro.
Reestruturação salarial é causa de motim
A proposta de reestruturação salarial de policiais e bombeiros militares está em tramitação na Assembleia Legislativa do Ceará desde o dia 18 de fevereiro. Parte dos militares não concorda com o que vê o projeto de lei e têm feito motins em Fortaleza e em cidades do interior do Ceará.
A proposta do governo chegou a ser aceita e comemorada por lideranças dos militares, que depois recuaram.
O projeto concede reajustes em três etapas (março de 2020, março de 2021 e março de 2022), elevando a remuneração gradativamente. Ao final desse período a remuneração de um soldado chegaria a R$ 4,5 mil.
Representantes dos militares reivindicam que o aumento seja concedido imediatamente e de uma só vez e que as promoções na carreira resultem em maior remuneração para policiais e bombeiros militares.
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