Opinião: O caldo social que fermenta o ódio e a violência
E, agora, um homem matou dez pessoas em Hanau, perto de Frankfurt. Ele deixou um vídeo no qual faz declarações racistas e dissemina teorias da conspiração. Depois assassinou os clientes de dois bares de narguilé e a própria mãe.
O que une esses criminosos é um ódio a tudo o que não se encaixa na sua definição völkisch [étnico-nacionalista] de Alemanha. Independentemente de eles estarem conectados entre si ou de eles estarem em contato com outros grupos de radicais de direita, a Alemanha precisa aceitar que essa escalada de ódio chegou ao seio da sociedade. Políticos e sociedade civil precisam se confrontar com a constatação de que o caldo que fermentou esses assassinatos são as ideologias racistas, misóginas e extremistas que voltaram a ser aceitáveis em muitos círculos sociais.
Esses assassinatos não são casos isolados. Independentemente de os alvos serem políticos, judeus ou muçulmanos – essa violência desumana é uma expressão daquilo que voltou a ter condições de germinar no solo social alemão. E ela é um terrível sinal de alerta de que é necessário verificar se o Estado ainda dispõe dos instrumentos adequados para executar sua tarefa mandatória: garantir a segurança individual de todos os cidadãos da maneira como a Lei Fundamental (Constituição) determina, ou seja, independentemente de origem, religião ou sexo.
Quais medidas podem ser adotadas para acabar com a bolha de ódio e loucura nas redes sociais? Afinal, não se trata de um universo virtual onde almas inofensivas e confusas podem – sob a proteção da liberdade de informação – dar vazão a suas frustrações. Hanau é mais uma prova de que essa disseminação de ódio não fica sem consequências, mas resulta em morte.
Os políticos devem reagir de forma clara, rápida e inequívoca. E não apenas com palavras, pois, do contrário, a situação vai acabar escapando totalmente do controle e, no fim, o que estará em questão é tudo o que o nosso Estado de direito, com suas liberdades individuais, representa.
A chanceler federal Angela Merkel encontrou as palavras certas: é verdade que o racismo é um veneno. Mas o diagnóstico não basta. A resposta deve ser uma declaração de guerra clara a todas as ideologias desumanas e à sua disseminação nas redes sociais. Essa responsabilidade não pode ser simplesmente empurrada para Facebook, Twitter e outras grandes empresas de redes sociais.
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Autor: Ines Pohl
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