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Líderes da UE iniciam batalha sobre seu primeiro orçamento pós-Brexit

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Imagem: GETTY IMAGES

20/02/2020 09h49

Os líderes europeus debatem nesta quinta-feira o seu primeiro orçamento comum sem o Reino Unido, em uma cúpula que deverá ser marcada pela divisão entre países mais e menos desenvolvidos sobre o montante e seu uso.

"Os últimos passos para chegar a um acordo são sempre os mais difíceis, mas tudo está em cima da mesa para uma decisão", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, horas antes do início da cúpula.

Para pavimentar o caminho, Michel iniciou pela manhã as reuniões bilaterais com os líderes, como o sueco Stefan Löfven, cujo país faz parte dos apoiadores de uma contribuição menor.

O Quadro Financeiro Plurianual (MFP) para 2021-2027 será o centro da reunião, mas, além das porcentagens, os europeus deverão decidir o impulso que desejam dar à União Europeia (UE) após várias crises.

A saída em janeiro do Reino Unido, potência econômica e militar, tornou mais evidente as divisões na UE entre norte-sul devido à crise econômica e leste-oeste devido à migração.

E isso num contexto global em que os Estados Unidos de Donald Trump pressionam a frente comercial, a China representa um risco tecnológico e a Rússia continua sendo a principal preocupação nas portas da UE.

A Comissão Europeia defende, assim, uma nova estratégia de crescimento baseada no combate às mudanças climáticas e no desenvolvimento dos setores tecnológico e militar, sem esquecer as políticas tradicionais, como a agricultura.

Bruxelas solicitou em 2018 um MFP equivalente a 1,114% da Renda Nacional Bruta (RNB) da UE, mas o número pode ser menor. A proposta de Michel é de 1,074%, cerca de 1 trilhão de euros.

Áustria, Suécia, Dinamarca e Holanda, países entre os mais ricos do bloco, defendem um orçamento de 1%.

A Alemanha considera 1% como ponto de partida, mas não exclui ir além. Mas, para isso, Berlim quer priorizar o Pacto Verde Europeu, a proteção das fronteiras ou a tecnologia, as novas prioridades estabelecidas para a Comissão Europeia.

Não é fácil encaixar todas as peças do quebra-cabeça da MFP, em um contexto em que a saída do Reino Unido representa uma perda de 12 bilhões de euros por ano.

A proposta de Michel, que os líderes devem discutir após 14h00 GMT (11h00 de Brasília), propõe cortes na ajuda aos agricultores e às regiões menos desenvolvidas, gerando preocupação.

Quase 200 agricultores dos países bálticos protestaram diante da sede do Conselho Europeu nesta quinta-feira, antes do início da cúpula.

A agricultura é uma questão delicada. Na Espanha, o presidente Pedro Sánchez está sob pressão e um "mau acordo" pode prejudicar a imagem do francês Emmanuel Macron, dias antes do início do Salão da Agricultura.

A Política Agrícola Comum (PAC) e os fundos de coesão representam 69% do atual MFP 2014-2020. Na proposta do presidente do Conselho Europeu iria para 59%.

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