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Maia diz que não é o momento para discutir exploração em terra indígena

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, concede entrevista ao UOL e à Folha, em Brasília - Kleyton Amorim/UOL
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, concede entrevista ao UOL e à Folha, em Brasília Imagem: Kleyton Amorim/UOL
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Guilherme Mazieiro

Do UOL

18/02/2020 19h28Atualizada em 18/02/2020 19h29

No mesmo dia em que diferentes etnias indígenas fizeram protestos na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o projeto não será votado com urgência, pois o debate não está no momento adequado. A proposta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pretende liberar a exploração mineral em terras indígenas.

"Ele não terá, por parte da Câmara, a urgência que alguns gostariam. Vamos deixar ele aqui, do lado da Mesa para que no momento adequado a gente trate desse debate com todo o cuidado do mundo", disse Maia.

Durante a manhã e a tarde desta terça-feira (17), grupos indígenas protestaram na Câmara contra a proposta e pediram que Maia devolvesse o projeto ao governo. Entre as lideranças, estava presente o cacique Raoni, reconhecido internacionalmente pela luta em prol dos direitos indígenas.

"Não tem como devolver, o projeto é constitucional. Acho que ele não está no momento adequado deste debate. Esse é um debate que precisaria ser feito de uma outra forma", disse Maia.

O deputado lembrou que a Constituição prevê esse tipo de atividade e que a preservação do meio ambiente é uma prerrogativa para investidores externos.

O projeto de lei assinado por Bolsonaro no dia 5 de fevereiro prevê a regulamentação da mineração e da geração de energia elétrica em reservas indígenas. A medida, que vem sendo estudada pelo governo desde o ano passado, é rechaçada por entidades indígenas e ambientalistas.

"Abrir o debate sem o projeto, mas abrir o debate como regulamentar e por que regulamentar a exploração de mineração em terra indígena. O constituinte tratou desse tema, então a gente não pode negar esse tema", declarou.

"Esses temas que podem ser discutidos, porque diz a Constituição, eles precisam ser discutidos com cuidado. Porque se não a gente pode, em vez de crescer 2%, crescer 1,5% neste ano", afirmou Maia.

Insulto de Bolsonaro a repórter

Sobre os ataques feitos por Bolsonaro contra a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, Maia disse que não comentaria, pois não viu as agressões. Ele afirmou que depois deve ser manifestar.

Pela manhã, em entrevista na portaria do Palácio da Alvorada, Bolsonaro insultou a jornalista com insinuações sexuais. A jornalista revelou, durante a campanha eleitoral, mecanismos coordenados para disparo de notícias falsas em grupos bolsonaristas.

"Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim", afirmou Bolsonaro. O insulto de Bolsonaro foi repudiado pela Folha, por representantes de diversos partidos e políticos e por entidades jornalísticas, que consideraram a fala um ataque à democracia.

A Folha divulgou a seguinte nota sobre o insulto de Bolsonaro: "O presidente da República agride a repórter Patrícia Campos Mello e todo o jornalismo profissional com a sua atitude. Vilipendia também a dignidade, a honra e o decoro que a lei exige do exercício da Presidência".

Reforma Tributária

O presidente da Câmara voltou a defender que todos devem colaborar com o crescimento do país. Na visão de Maia, os empresários devem ajudar e aceitar a proposta de reforma tributária, assim como os cidadãos que ajudaram na Previdência.

"Os empresários não vão ajudar? Não é justo. E outra coisa, a reforma tributária é o único caminho para que o Brasil volte a crescer", disse.

Segundo ele, o único caminho para botar mais dinheiro na economia é a reforma, pois incentivaria os investimentos.

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