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Governo líbio apoiado pela ONU abandona negociações em Genebra

18/02/2020 22h12

Trípoli, 19 Fev 2020 (AFP) - O governo de união nacional (GNA), com sede na capital e reconhecido pela ONU, anunciou nesta terça-feira (18) que deixará de participar da comissão militar conjunta de Genebra, sob a égide das Nações Unidas, após as reiteradas violações da trégua.

"Anunciamos a suspensão da nossa participação nas negociações militares celebradas em Genebra até que se adotem posições firmes contra o agressor (Khalifa Haftar) e suas violações" da trégua, destacou o GNA em um comunicado referindo-se ao chefe militar que controla o leste do país.

Esta comissão militar conjunta, confirmada na cúpula internacional de 19 de janeiro em Berlim, é composta segundo o formato "5+5", ou seja, com cinco membros que representam o GNA e outros tantos ao marechal Khalifa Haftar, chefe do leste da Líbia cujas forças tentam se apoderar de Trípoli desde abril passado.

Na tarde desta terça-feira, o porto marítimo de Trípoli e Al-Shaab, um porto secundário, foram alvo de mais de 15 foguetes, apesar da entrada em vigor em janeiro de um cessar-fogo que as forças em conflito na Líbia violaram com frequência.

Segundo Amin al Hachemi, porta-voz do Ministério da Saúde, três civis morreram e outros cinco ficaram feridos.

"Está claro que o objetivo dos bombardeios sistemáticos de áreas residenciais, do aeroporto e do porto, além do total das instalações petroleiras, é provocar crise para os cidadãos em todos os aspectos de suas vidas", destaca o comunicado.

Segundo o GNA, "o agressor (Haftar), como fracassou militarmente em tomar o poder, tenta, em vão, criar um estado de confusão para desestabilizar" a população.

Por outro lado, o GNA condenou as "violações cometidas antes e durante a trégua", qualificando-as de "crimes de guerra documentados", que requerem "ordens de detenção internacionais".

Denunciou, ainda, o "desprezo contínuo" pela resolução do Conselho de Segurança, adotada na semana passada e pelas decisões da cúpula internacional de Berlim.

Os beligerantes líbios começaram nesta terça uma nova rodada de negociações militares indiretas na presença do enviado da ONU para a Líbia, Ghassan Salamé.

"Sem um cessar-fogo duradouro, as negociações não fazem sentido. Não pode haver paz sob bombardeios", destaca o GNA.

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