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Polícia alemã desmantela grupo de extrema direita que planejava ataques

17/02/2020 11h03

Polícia alemã desmantela grupo de extrema direita que planejava ataques - Doze alemães são presos suspeitos de integrar ou apoiar célula terrorista de ultradireita. Segundo investigações, grupo se comunicava pelo Whatsapp e tinha planos concretos de atacar mesquitas durante orações.A polícia alemã prendeu 12 suspeitos de integrar ou colaborar com uma célula terrorista de extrema direita que estaria planejando atentados com objetivo de "subverter a ordem política" no país.

Segundo informou um porta-voz do governo alemão nesta segunda-feira (17/02), as investigações indicaram que o grupo estava envolvido em planos de ataques "chocantes" e de larga escala contra mesquitas na Alemanha.

"É chocante o que foi revelado aqui: que há células que parecem ter se radicalizado em um espaço tão curto de tempo", disse Björn Grünewälder, porta-voz do Ministério do Interior alemão.

Relatos na imprensa alemã publicados neste domingo afirmam que os 12 homens presos na última sexta-feira tinham ligação com a célula chamada Der harte Kern ("O núcleo duro"), fundada em setembro do ano passado.

Segundo o jornal alemão Welt am Sonntag, eles têm idade entre 20 e 50 anos e foram presos em seis estados diferentes. Dos 12, quatro estariam sob suspeita de integrar o grupo, e os demais, de fornecer apoio financeiro.

Os promotores que investigam o caso suspeitam que eles planejavam ataques contra políticos, requerentes de refúgio e mesquitas e que buscavam criar "circunstâncias semelhantes a uma guerra civil".

Em resposta a essas suspeitas, o porta-voz da chanceler federal alemã, Angela Merkel, enfatizou que o país trabalha para preservar o direito da população de praticar sua religião sem perigo. "É tarefa do Estado e, é claro, deste governo proteger a livre prática da religião neste país, não importa qual seja a religião", afirmou Steffen Seibert.

O Welt am Sonntag afirma que os homens entraram em contanto uns com os outros através do aplicativo de mensagens Whatsapp, antes de se conhecerem pessoalmente. O grupo foi colocado sob vigilância em meados de 2019.

Nas buscas, os policiais encontraram grande quantidade de armamentos, além de materiais que poderiam ser usados na produção de bombas caseiras.

Há uma semana, num encontro na cidade de Minden, no estado na Renânia do Norte-Vestfália, o suposto líder do grupo teria comunicado um plano de ataque contra muçulmanos durante o horário das preces, segundo uma reportagem da revista alemã Der Spiegel, citando informações da promotoria alemã.

De acordo com a revista, dois integrantes do grupo foram incumbidos de obter armamentos. O grupo ainda teria discutido possíveis alvos de ataques. Numa das conversas monitoradas pelas autoridades, os membros da célula teriam comentado a respeito de "comandos" que agiriam em dez estados alemães.

O suposto líder, identificado como Werner S., de 53 anos, da cidade bávara de Augsburg, já era considerado pelas autoridades como um extremista de direita de alta periculosidade.

A célula teria mantido contatos com a organização internacional ultradireitista "Soldados de Odin" (SOO), fundada na Finlândia em outubro de 2015, que possui ramificações em diversos países. Na Alemanha, uma subdivisão do grupo chamada "Soldados de Odin Alemanha Divisão Baviera" estava sendo monitorada pelas autoridades desde 2017.

De acordo com os promotores bávaros, o grupo questiona o "monopólio" do uso da força pelo Estado. As autoridades disseram ter encontrado "fragmentos ideológicos" associados à extrema direita, como um vídeo postado no Facebook em que uma pessoa atribui a "morte do povo" alemão – uma referência à perda da identidade em consequência da miscigenação – aos governantes políticos do país.

Os suspeitos foram levados para o Tribunal Constitucional Federal em Karlsruhe. Segundo o Welt am Sonntag, um juiz federal teria ordenado no sábado a prisão preventiva dos 12 indivíduos, enquanto se desenrolam as investigações.

As leis alemãs permitem que pessoas suspeitas de estar prestes a cometer crimes graves podem ser mantidas sob custódia durante um período de seis meses, que, em casos extremos, pode ser ampliado para um ano.

RC/dpa/afp/rtr/kna

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