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China promete transparência sobre coronavírus, e países preparam repatriação

28/01/2020 17h57

Wuhan, China, 28 Jan 2020 (AFP) - A China prometeu, nesta terça-feira (28), transparência diante da epidemia do novo coronavírus que já deixou mais de 100 mortos e 4.500 afetados, enquanto Japão, EUA e União Europeia anunciam operações de evacuação de seus cidadãos presos em Wuhan, onde teve início a epidemia.

"A epidemia é um demônio, e não podemos deixar esse demônio escondido", garantiu o presidente chinês, Xi Jinping, referindo-se ao fato de o governo comunista ter sido acusado de ocultar o coronavírus anterior Sars, que causou centenas de mortes em 2002.

Horas mais tarde, os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre Pequim. "Uma cooperação e uma transparência maiores são os passos mais importantes que podem dar em direção a uma resposta mais efetiva", disse à imprensa o secretário de Saúde, Alex Azar.

Cerca de 350 cidadãos europeus retornaram, em dois aviões, anunciou a Comissão Europeia, que garantiu que os repatriados estão saudáveis, ou não apresentam sintomas.

O Japão também anunciou o envio de um primeiro avião a Wuhan para repatriar cerca de 200 cidadãos.

Os Estados Unidos vão evacuar o pessoal de seu consulado em Wuhan, bem como outros cidadãos da região.

Os primeiros casos de contágio entre humanos fora da China vieram à tona nesta terça-feira, um no Japão, e outro na Alemanha.

No Japão, um homem que nunca tinha ido à China, mas dirigiu para um grupo de turistas provenientes de Wuhan, foi infectado.

Quase simultaneamente, a Alemanha também informou pelo menos uma transmissão entre humanos em seu território. Mais tarde, três novos casos foram anunciados na região da Bavária. Os pacientes seriam colegas de trabalho do primeiro infectado, com quem teriam tido "contato próximo".

Uma dúzia de países foi afetada - com cerca de 50 pacientes - na Ásia, Europa, América do Norte e Austrália, mas desde o início da pneumonia viral, em dezembro, em Wuhan (centro da China) não tinha havido contágio entre humanos fora desse país.

A França anunciou um quarto caso, de um turista chinês que se encontra em estado grave, hospitalizado em Paris.

Zhong Nanshan, renomado cientista da Comissão Nacional de Saúde da China, considerou que a epidemia deve atingir um pico em uma semana ou cerca de dez dias.

Os Estados Unidos afirmam estar tentando desenvolver uma vacina, mas que é possível que a epidemia diminua antes que ela fique pronta - como foi o caro do Sars, em 2002 e 2003.

- Repatriação -Quase toda a província de Hubei, cuja capital é Wuhan, está isolada do mundo por ordem das autoridades para tentar impedir a propagação da epidemia. Cerca de 56 milhões de habitantes vivem confinados.

Essa quarentena surpreendeu milhares de estrangeiros na região.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, "não recomenda" a evacuação de estrangeiros presos em Wuhan, afirmou nesta terça-feira em Pequim seu diretor-geral, Tedros Adhanom Gebreyesus, de acordo comunicado da diplomacia chinesa.

A OMS disse à AFP que não poderia "esclarecer" essas palavras no momento.

A organização considera a ameaça elevada, mas não ativou um alerta internacional. Nesta terça, informou que enviará especialistas à China "o quanto antes".

Muitos estrangeiros que vivem em Wuhan estão angustiados: "É extremamente estressante. O principal medo é que isso dure meses", disse Joseph Pacey, professor britânico de 31 anos, à AFP.

- Bateria de medidas -A propagação do vírus aumenta a ansiedade e a bateria de medidas de contenção. Muitos países reforçaram a vigilância em suas fronteiras. A Mongólia fechou sua fronteira terrestre com a China.

O pânico tomou conta das grandes metrópoles chinesas, onde os habitantes permanecem trancados em suas casas, com os shopping centers, cinemas e restaurantes desertos.

"Muitos estão muito preocupados. Não há muitas pessoas nessas ruas. As famílias preferem ficar em casa em vez de sair, todo mundo quer ter o mínimo de comunicação possível com o mundo exterior", disse à AFP, no centro de Xangai, David, um morador de Wuhan.

As autoridades chinesas estenderam por três dias, até 2 de fevereiro, o feriado (sete dias) do Ano Novo Chinês, celebrado em 25 de janeiro, para atrasar o fluxo de centenas de milhões de pessoas e reduzir o risco de propagação da epidemia.

Pelo menos 2.000 trens interprovinciais foram cancelados em toda a China desde sexta-feira. As rotas ferroviárias serão suspensas até pelo menos 8 de fevereiro.

As autoridades chinesas recomendaram nesta terça-feira que seus cidadãos adiem seus planos de viagem ao exterior. Hong Kong anunciou que reduzirá pela metade os voos da China continental e fechará seis dos 14 postos de fronteira.

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