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Da lavanderia à faxina: os trabalhos de Alexandre Nardoni na prisão

Alexandre Nardoni, condenado pela morte da filha Isabella, de 5 anos, em 2008 - Fernando Donasci/Folhapress
Alexandre Nardoni, condenado pela morte da filha Isabella, de 5 anos, em 2008 Imagem: Fernando Donasci/Folhapress
do UOL

Alex Tajra e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

27/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Nardoni foi condenado pela morte de sua filha, Isabella, em 2008
  • Na prisão, ele já fez serviços de limpeza e jardinagem
  • Nardoni também já fez cadeiras para escolas públicas de São Paulo
  • Preso desde 2008, ele passou ao regime semiaberto no ano passado

Alexandre Alves Nardoni, 41, é formado em Direito, mas tem em sua ficha criminal, atualmente, a profissão de autônomo. Condenado por ter matado a filha, Isabella, 5, em março de 2008, ele tem pena a cumprir até agosto de 2036, segundo seu boletim informativo no sistema prisional, obtida com exclusividade pelo UOL.

Nardoni vem de uma família de pai advogado e pretendia seguir a carreira. Após a morte da filha, no entanto, ele passou a exercer atividade profissional apenas dentro do presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, onde cumpre sua condenação.

Entre os trabalhos feitos por ele no presídio, constam a confecção de cadeiras para escolas públicas estaduais de São Paulo e apoios em jardinagem, lavanderia e faxina.

Atualmente, ele trabalha como ajudante geral, função que executa por meio da Funap (Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel), órgão vinculado à SAP (Secretaria de Administração Penitenciária).

A Funap desenvolve e avalia programas sociais --incluindo capacitação profissional e execução de trabalho-- para as pessoas que estão encarceradas no estado de São Paulo.

Nardoni volta ao regime semiaberto

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Confira, abaixo, os empregos registrados por Nardoni desde que está preso:

  • 06/05/2009 a 28/02/2010 - Apoio em faxina interna
  • 01/03/2010 a 21/02/2011 - Apoio em lavanderia
  • 03/05/2011 a 26/11/2012 - Apoio em lavanderia
  • 27/11/2012 a 01/05/2019 - Ajudante geral
  • 02/05/2019 a 20/05/2019 - Apoio em jardinagem
  • 21/05/2019 a 14/08/2019 - Ajudante geral
  • 06/11/2019 a 08/11/2019 - Apoio em jardinagem
  • 11/11/2019 até atualmente - Ajudante geral

"Dedicado"

Carcereiros da penitenciária masculina de Tremembé confidenciaram à reportagem que Alexandre Nardoni é um dos homens mais dedicados ao trabalho e estudo dentro do presídio. Os funcionários também elogiam o bom comportamento de Nardoni, o que também está registrado em sua ficha criminal.

Procurado, o advogado de Nardoni, Roberto Podval, afirmou que "Alexandre cumpre sua pena de forma absolutamente exemplar". "Triste o fato de a Promotoria tratá-lo diferentemente de todos os outros presos. Ainda bem que, para o Judiciário, o processo não tem cara".

Situação processual de Nardoni

Desde 5 de novembro de 2019, Nardoni está no regime semiaberto, por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Na prática, além de permitir que ele trabalhe fora do presídio, caso consiga emprego, ele também tem direito a até cinco saídas temporárias por ano.

As saídas costumam durar cerca de uma semana e, anualmente, o número de pessoas que não retornam ao fim do benefício cai gradualmente.

Em média, a taxa de retorno dos últimos quatro anos ficou em 96,2%, segundo levantamento da SAP.

Jogou a filha do 6º andar

Alexandre e Anna Carolina Jatobá, 35, foram condenados pelo homicídio triplamente qualificado de Isabella Nardoni, 5, morta em 2008. Na ocasião, o júri entendeu que a criança foi asfixiada e jogada do sexto andar do prédio onde o casal morava, na zona norte da capital paulista.

Por bom comportamento e após ter cumprido dois quintos de sua pena, Anna Carolina foi beneficiada com o regime semiaberto em agosto de 2017. Ambos sempre negaram a prática do crime contra a menina.

Em agosto do ano passado, Nardoni teve o direito de sair temporariamente do presídio. Ele retornou à penitenciária de Tremembé um dia antes do estipulado.

Desde abril do ano passado, porém, ele estava no regime semiaberto. O promotor Luis Marcelo Negrini interpôs recurso pelo MP (Ministério Público), em agosto, durante a saída de Nardoni, pedindo que ele voltasse ao regime fechado para ser submetido ao teste psicológico de Rorschach, conhecido como "teste do borrão".

Trata-se de um exame que avalia o perfil psicológico da pessoa através da interpretação de desenhos. A Justiça acatou ao pedido do promotor e ele voltou ao regime fechado. Ele foi submetido ao teste, foi aprovado, e retornou ao regime semiaberto.

Reportagem de 2018 relembra os dez anos do crime contra Isabella Nardoni

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