Peruanos elegem novo Congresso que definirá o destino da luta contra a corrupção
Lima, 26 Jan 2020 (AFP) - Os peruanos elegem neste domingo (26) os membros para o novo Congresso, que definirá o destino das reformas anticorrupção impulsionadas pelo presidente Martín Vizcarra.
O presidente dissolveu o Congresso em setembro, na esperança de pôr um fim ao controle absoluto que a maioria opositora fujimorista exerce no Parlamento desde 2016.
As últimas pesquisas preveem que o partido populista de direita de Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), perderá dezenas de bancadas conquistadas em 2016 (73 de um total de 130).
O Controle do Congresso permitiu que o partido de Keiko segurasse o então presidente Pedro Pablo Kuczynski, até que ele foi forçado a renunciar em 2018.
"O vencedor da eleição será Martín Vizcarra, porque ele conseguiu mudar o Congresso hostil dos últimos anos e alterar a correlação de forças existente no Parlamento anterior", disse à AFP o analista político Augusto Álvarez Rodrich.
Vizcarra, que está sem partido, precisa do apoio legislativo para suas reformas contra a corrupção.
Atingida pelo escândalo de corrupção da construtora brasileira Odebrecht, Keiko Fujimori passou 13 meses em prisão preventiva, o que diminuiu sua popularidade depois de se candidatar à Presidência do Peru nas eleições de 2011 e 2016.
Também prejudicou a imagem de seu principal aliado, o partido socialdemocrata APRA, cujo líder, Alan García, duas vezes presidente do Peru (1985-1990 e 2006-2011), cometeu suicídio em abril passado, quando seria preso pelo mesmo escândalo.
- Sem bancada própria -As eleições servirão para encerrar uma crise política marcada por confrontos recorrentes entre o Executivo e o Legislativo, que levaram Vizcarra a fechar o Congresso unicameral e a convocar novas eleições parlamentares em 30 de setembro.
A oposição reagiu, denunciando um "golpe de Estado", e deu posse à vice-presidente Mercedes Aráoz como "presidente encarregada", mas renunciou no dia seguinte.
Além disso, a oposição recorreu ao Tribunal Constitucional, que validou a dissolução ao decidir que Vizcarra havia se ajustado aos preceitos da Magna Carta.
Apesar da alta tensão, o fechamento do Congresso não gerou protestos nas ruas, em meio a um clima tenso na região. Segundo as pesquisas, 90% dos peruanos apoiaram a dissolução.
As pesquisas projetam um Parlamento fragmentado, no qual nenhuma bancada poderá administrar à vontade. Nesse cenário, estão previstas alianças de partidos centristas, que aparecem com maior intenção de voto.
Apesar dos problemas de Keiko, seu partido da Força Popular pode ser o segundo mais votado, atrás do centrista Ação Popular, segundo as pesquisas.
- Apatia -Nessas eleições diretas, 130 parlamentares serão eleitos por apenas 16 meses, até 28 de julho de 2021, os cinco anos do Congresso eleito em 2016. Esse dia também encerra o período de Vizcarra, vice-presidente de Kuzcynski.
Em meio ao descrédito dos políticos, a campanha está sendo marcada pela apatia. Um terço dos peruanos permanece indeciso, ou votará em branco.
Cerca de 25 milhões de peruanos estão habilitados ao voto, que é obrigatório no país. Quem não comparece às urnas deve pagar uma multa equivalente a 25 dólares.
Vinte e um partidos têm 2.331 candidatos no total, quase todos desconhecidos pelos cidadãos, incluindo pela primeira vez uma indígena transexual, Gahela Cari.
Apenas 16 dos parlamentares demitidos estão buscando a reeleição.
Será a primeira vez em dois séculos que o Peru realiza apenas eleições legislativas, pois sempre coincidiram com a disputa presidencial.
As próximas eleições gerais serão em abril de 2021, sem possibilidade de reeleição de Vizcarra, ou dos parlamentares que serão eleitos neste domingo.
bur-fj/cm/gm/mr
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