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Estabilidade política na Itália está em jogo com eleição regional na Emília-Romanha

26/01/2020 13h55

A região da Emília-Romanha vota neste domingo (26) em eleições regionais cruciais para a frágil coalizão que dirige a Itália. A possível vitória da extrema direita neste reduto da esquerda pode derrubar o governo.

A Emília-Romanha, região próspera do centro-norte da península, é tradicionalmente controlada pela esquerda, apesar do avanço da direita nos vilarejos e zonas rurais. Para esse pleito, a Liga, de extrema direita, lidera as pesquisas, com 30% das intenções de voto.

A maioria governamental formada pelo Partido Democrata (PD, esquerda) e pelo Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema) afirmou que essas eleições não teriam impacto no governo. Mas o chefe da Liga, Matteo Salvini, avisou que, se seu partido vencer na Emília-Romanha, exigirá eleições legislativas antecipadas.

A candidata da extrema direita, Lucia Borgonzoni, tem o apoio do ex-chefe de governo Silvio Berlusconi. Apesar disso, foi ofuscada por Matteo Salvini, que percorreu a região na reta final da campanha. O líder direitista irritou a esquerda no sábado (25), quebrando o silêncio pré-eleitoral com um tuíte ameaçando entregar um "aviso de despejo" ao governo se vencer.

No campo rival, o presidente regional e candidato da esquerda Stefano Bonaccini fez campanha elogiando a gestão da região, com uma taxa de desemprego de 5,9% (contra 9,7% em todo o país) e um crescimento de 2,2% em 2018.

Bonaccini pode se beneficiar da dinâmica anti-salvinista gerada por um movimento juvenil nascido na região há dois meses e que se tornou um símbolo nacional do protesto contra a extrema direita. Alguns analistas acreditam, no entanto, que muitas empresas familiares e artesanais estão descontentes e se sentem marginalizadas pela globalização. Já outros consideram que a esquerda tradicional abandonou aqueles que antes defendiam para satisfazer os interesses dos grandes bancos.

Fim do movimento antissistema 5 Estrelas?

Pela primeira vez em sua história, a Liga triunfou na Emília-Romanha nas eleições europeias de maio, tornando-se o primeiro partido regional, com quase 34% dos votos, em comparação com 31% do PD.

A maioria no poder na Itália, que já está enfraquecida pelas divisões internas, teme eleições antecipadas que poderiam trazer Salvini de volta ao poder.

Especialistas afirmam que uma vitória da extrema direita também poderia acabar com o M5E, corroído por lutas internas e do qual 15 parlamentares saíram nas últimas semanas. O chefe da formação, Luigi Di Maio, renunciou na quarta-feira (22) para tentar evitar uma crise, mas observadores alertaram que isso pode não ser suficiente.

A votação termina às 23h pelo horário local, 19h em Brasília.

(Com informações da AFP)

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