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Dezenas de feridos em novos confrontos no Iraque

26/01/2020 19h10

Bagdá, 26 Jan 2020 (AFP) - Um manifestante iraquiano morreu neste domingo depois que a polícia abriu fogo contra vários protestos no sul do país e em Bagdá, onde, além disso, três foguetes atingiram a embaixada dos EUA, sem deixar vítimas.

Determinados, agitando bandeiras iraquianas, os manifestantes, que pedem profundas reformas políticas desde 1º de outubro, invadiram novamente as ruas e praças de Bagdá e várias cidades do sul do país, de onde foram despejados no dia anterior.

"Só por você, Iraque!", dizia uma das bandeiras da cidade de Kerbala, no sul, em referência à demanda do movimento de que nenhum partido político ou poder estrangeiro se apodera do país.

Em Nasiriyah, outra cidade no sul do Iraque, as forças de segurança dispararam balas para dispersar os manifestantes, que se reuniram depois que os agentes os expulsaram das grandes avenidas que convergem no local principal do protesto, a praça Habubi.

Um manifestante morreu após ser atingido pelas balas e dezenas ficaram feridos, segundo uma fonte médica.

Temendo que o movimento iniciado em outubro perdesse força após uma intervenção violenta das forças de segurança no sábado, os manifestantes voltaram às ruas no sábado à noite nos principais locais de protesto, apesar da forte repressão das forças de segurança.

Quatro manifestantes hostis ao poder foram mortos em Bagdá e no sul durante os confrontos no sábado.

Na tarde deste domingo, cinco foguetes caíram na segura Zona Verde de Bagdá, três dos quais atingiram a embaixada dos EUA, disseram fontes de segurança à AFP. Não houve registro de vítimas.

Mais cedo, as forças de segurança dispararam munição letal para dispersar pequenos protestos nas praças Khallani e Wathba, perto da praça Tahrir, o epicentro da contestação, segundo uma fonte da polícia.

Pelo menos 17 manifestantes ficaram feridos, incluindo seis por balas, de acordo com esta fonte.

Os manifestantes lançaram pedras na polícia de choque e alguns jogaram coquetéis molotov.

- Novos acampamentos -Em Basra, no extremo sul do país, centenas de estudantes protestaram contra o desmantelamento de seu acampamento pela polícia de choque no dia anterior, segundo um correspondente da AFP.

Em Kut, os estudantes montaram novas tendas para substituir as desmontadas no dia anterior.

Na cidade sagrada de Najaf, os estudantes bloquearam a estrada para o aeroporto.

Desde 1º de outubro, o movimento inédito por ser espontâneo, dominado pelos jovens, tem sido marcado pela violência, que deixou pelo menos 470 mortos, a grande maioria deles manifestantes, segundo fontes médicas e policiais.

Depois de denunciar inicialmente a falta de empregos e serviços e a corrupção endêmica, a contestação agora exige eleições antecipadas e um primeiro-ministro independente.

Sob pressão das ruas, o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi renunciou em dezembro, mas continua administrando os assuntos correntes, uma vez que os partidos políticos não chegaram a um acordo sobre um sucessor.

- Mudança de estratégia -O impasse político foi denunciado no sábado pela representante da ONU no Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, que declarou que a atual "indecisão era indigna das esperanças dos iraquianos expressadas corajosamente há quatro meses".

Desde sexta-feira, a contestação teme que a retirada do apoio de Moqtada Sadr deixe o campo livre para o poder reprimir o movimento.

Na sexta à noite, o influente líder xiita disse no Twitter que não se envolveria mais no movimento, depois de uma manifestação em Bagdá de milhares de seus apoiadores exigindo a saída dos 5.200 soldados americanos no Iraque.

Seus partidários, que vinham apoiando os protestos até então e eram considerados os mais bem organizados, desmontaram suas tendas instaladas desde outubro em Bagdá e no sul.

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